domingo, 31 de agosto de 2014

NÃO SOU VISITA

Por Alexandre Cumino

Dia 29 de Junho de 2014, estive no Templo Mãe Divina, do Sacerdote Marcel Oliveira, para participar do encontro ?Fala seu Zé? e do lançamento do livro ?Zé Pelintra ? A revelação?, disponível no site www.templomaedivina.com.br para donwload gratuito em PDF.
Como em todos os encontros, ?Fala seu Zé?, o Sr. José Pelintra se manifestou e nos brindou com palavras de amor e sabedoria por nós e pela Umbanda. Falou sobre a vida e sobre a falta de encanto que há nesta sociedade urbana e cinza em que a grande maioria vive de forma autômata, indo de casa para o trabalho, sem parar para pensar na vida e em seus mistérios. Como sempre, palavras fortes, com emoção e positive vibrations. No entanto, entre tudo o que foi falado, algo me chamou a atenção, seu Zé afirmou que seu médium, Pai Marcel, ensina que quando vai a um templo de Umbanda não é mais visita, afinal, não é assim que é nas outras religiões? Quando um católico vai a uma Igreja, ele está indo a um templo de sua religião e, em todos os templos católicos, um católico se sente em casa e que assim deveria ser também com os umbandistas.
Suas palavras ficaram marcadas em mim, pois gostaria muito que fosse uma realidade para todos nós. Muitas vezes somos visitas, outras nos sentimos visitas, ou somos recebidos como visita. Quem sabe, um dia, a gente consiga mudar um pouco esta questão, e ficam as palavras do Pai Marcel, repetidas por seu Zé, para que a gente se dê conta do quanto estamos ainda longe do ideal dentro da Umbanda.
Em poucos templos, eu me sinto em casa. Me sinto em casa quando entro num templo e tenho orgulho do trabalho que estão realizando ali naquele local. Me sinto em casa quando vou ao Santuário Nacional da Umbanda e percebo o quanto a Natureza é a casa de nossos Orixás. Me sinto em casa quando vou ao templo de um irmão querido. Me sinto em casa quando os dirigentes de um templo conseguem nos fazer sentir em casa.
Mas não posso e não consigo me sentir em casa quando vou a um templo de Umbanda e vejo algo que não condiz com a religião, como o desrespeito e a deturpação de nossos valores mais básicos, como o Amor e a Caridade. Não me sinto em casa quando a casa não é de Umbanda. No entanto, quando vemos os valores da Umbanda sendo vividos e ensinados, então fica muito mais fácil se sentir em casa.
Mas nem tudo é tão simples assim, temos ainda um agravante histórico na religião. Houve um tempo em que os terreiros de Umbanda demandavam uns contra os outros, um tempo em que dirigentes se tratavam como concorrentes, um tempo em que um visitava a casa do outro para enfrentar, desafiar e derrubar o trabalho.  Mas isto não pode ser considerado Umbanda e, por conta deste comportamento ?alienígena? no seio da religião, a Umbanda sofreu um grande baque e um esvaziamento décadas atrás.
Ainda hoje, há alguns templos em que médiuns de outras casas são recebidos com desconfiança e com olhares inquisidores a perguntar: - Quem é você, de onde veio e o que quer aqui? Herança de um passado trevoso, marcas de um trauma para alguns que são como gatos escaldados. São lembranças e reminiscências de um período em que a religião cresceu muito e muito rápido, sem nenhuma ordem ou doutrina.
No entanto, em contra partida, temos, hoje, uma nova geração de médiuns e sacerdotes que nem viram e nem viveram esta época difícil para a religião. Uma nova geração que poderá fazer e está fazendo diferente, está fazendo seu melhor dentro do melhor sentido do que venha a ser Umbanda. Pai Marcel é um dos bons exemplos desta geração que trabalha a Umbanda de peito aberto, sem medo, e abre sua casa para receber a todos como irmãos. Minha gratidão por esta oportunidade e pelo aprendizado recebido.
Obs: Pai Marcel Oliveira trabalhou comigo durante oito anos no Colégio Pena Branca, já vinha de uma família Umbandista e se submeteu a todo o processo de aprendizado de nossa casa, se tornando Pai Pequeno em nosso Colégio. Ao tempo certo, Marcel seguiu seu caminho e recebeu de Seu Zé a responsabilidade de abrir o Templo Mãe Divina. 



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