quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

PAI JOAQUIM

O Nosso bom e "nêgo véio" Pai Joaquim.
Ele vêm chegando de mansinho, numa prece, num sussuro, deixando de lado o preconceito na hora da dificuldade e da precisão.
São os pretos velhos que as casas que falam do evangelho invocam a Deus e chamam por proteção.

Eles viveram numa época bem distante. A chibata era sua corrigenda. Qualquer deslize tinha o tronco como recompensa. Os negros da senzala nos seus olhares tristes e cabisbaixos ali se encontravam para ver o que acontecia com quem descumpria com as ordens do "sinhô".

Ao cair da tarde, as aves se emudeciam e davam lugar ao som seco da chibata, que sem piedade ia e vinha no couro do negro escravo. O olhar do pobre coitado só o céu conhecia, e clamava ao salvador noite e dia que numa dessas surras sua vida se esvaia. Mas a redenção só acontece no dia e na hora certa, e com isso as "nêga véia" da senzala preparavam mais uma vez um novo unguento de ervas para cicatrizar as chagas de um castigo, que saciava as vaidades e as vontades de um capataz irado.

Hoje, na Umbanda são benvindos. Em alguns centros Kardecistas, esquecidos ou chamados nas desobsessões nas horas do aperto e da doutrinação havendo a necessidade da evocação de sua corrente edificando a elevação em torno de nossos irmãos que ainda se perdem no meio das trevas e da escuridão.
"Nêgo véio" sofrido de várias missões e várias denominações, preto véio Joaquim, preto véio João Benedito, preto véio João Serrador. Uma hora de Angola, outra hora de Aruanda, outra do Congo. Que importa? O que sabemos é que suas rezas sempre necessitamos. A invocação de Jesus é seu lema. O sinal da cruz na testa, sua bandeira. A oração e a cantiga a moda antiga, sua marca de humildade e exemplo de paciência e resignação.
Quem já não precisou dobrar os joelhos diante de um pai velho, buscando consolo de sua alma cansada e dolorida na hora da dor e da tristeza impostas pelos degraus da evolução?
Lá vem eles, são os "nêgo véio"!! Que importa como eles falam? Se a fala é do "zi zi zi", "zin fio" ou não, o que importa é o consolo, a energia boa, o carinho, a humildade e a destreza para cuidar das mazelas desta vida. Gente sofrida que não perdeu em nenhum instante que a chibata corria, a sabedoria, a devoção e a fé em nosso senhor Jesus Cristo.

E se um dia, em alguma casa espírita que você entrar para uma prece receber, algum trabalhador lhe dizer que lá não se trabalha e não se invoca a corrente de pretos velhos, mesmo que por preconceito, não se deixem manifestar em nenhum dos médiuns, tenha certeza que mesmo assim em um canto qualquer daquela casa, haverá um preto velho ou uma "nêga véia" rezando e pedindo paz e luz a VOCÊ, "ZIN FIO"!
Texto escrito pelo médium Marco Antonio Delgado.

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