domingo, 8 de dezembro de 2013

PARÁBOLAS

 PARÁBOLAS
 
PORQUE JESUS FALAVA POR PARÁBOLAS
No O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 24: A candeia debaixo do alqueire, subtítulo "porque fala Jesus por Parábolas", Allan Kardec menciona Mateus, 13:10-15: "E chegando-se a ele os discípulos lhe disseram: porque razão Ihes fala tu por parábolas? Ele, respondendo lhe disse: Porque a vós outros é dado saber os mistérios do reino dos Céus, mas a eles não lhe é concebido.( ... ) falo em parábolas, porque eles vendo não vêm, e ouvindo não ouvem, nem entendem".
Na explicitação desse versículo, Allan Kardec ensina que Jesus de Nazaré afirma aos apóstolos que fala por parábolas porque não estavam em condições de compreender certas coisas. Diz textualmente Allan Kardec:
"Pergunta-se que proveito, o povo poderia tirar dessa infinidade de parábolas. Deve notar-se que Jesus só exprimiu em parábolas sobre as questões, de alguma maneira abstratas da sua doutrina.( ... ) Assim devia ser, porque se tratava de regras de conduta, regras que todos deveriam compreender, para poderem observar. Era isso o essencial para a multidão ignorante, sobre outras questões só desenvolvia o seu pensamento para os discípulos. Estando eles mais adiantados, moral e intelectualmente, Jesus podia iniciá-los nos princípios mais abstratos".
Contextualização - Emmanuel, na psicografia de Chico Xavier, pondera sobre a utilização de parábolas por Jesus de Nazaré, explicando inicialmente que "se quisermos preservar a Doutrina Espírita é necessário compreender as suas finalidades. Allan Kardec completa "O Espiritismo, vem atualmente, lançar a luz sobre uma porção de pontos obscuros". Estas considerações nos leva a compreender a função das parábolas (os homens não estão em condições de entender as afirmações). Como sabemos, Jesus de Nazaré falava por meio de parábolas, que eram narrações de forma alegórica, procurando ensinar aos que não compreendem, grandes verdades que diziam respeito ao comportamento moral dos homens e das conseqüências desse comportamento nesta e após a vida física. Desta maneira, Jesus de Nazaré lançou sua sabedoria para todos os lugares e através dos tempos. As narrativas contidas no Evangelho, datadas de há mais de 2000 anos, justamente por serem dirigida, ao homem de todas as épocas e lugares, somente poderia ser expressa através de alegorias. Portanto, utilizando uma linguagem simbólica direta somente os homens de sua época poderiam entendê-las. Portanto, as parábolas consistem na narração alegórica, na qual o conjunto de elementos na parábola evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior, parecendo, desta maneira, efetuar uma curva lançada para o alto, tal como uma curva geométrica.
Não obstante, as parábolas narradas por Jesus de Nazaré, na atualidade, necessitam serem interpretadas sob a visão da realidade atual. De outro lado, muitas delas, se fossem interpretadas literalmente, tal como estão escritas no texto bíblico, tornam-se inelegíveis e absurdas.
Conclusão - Na obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, terceira obra de Allan Kardec, de 1864 contém justamente "a explicação das máxima do Cristo, sua concordância com o Espiritismo e sua aplicação às diversas situações da vida". Daí Allan Kardec estuda e interpreta o Evangelho sempre com o auxilio dos Espíritos superiores e sob a luz dos conhecimentos científicos, filosóficos e, notadamente, religiosas.
E, a partir daí, poder-se á efetuar uma releitura contemporânea do texto básico de Allan Kardec, considerando as inúmeras facetas que suscitam os ensinos de Jesus de Nazaré. Argumentamos que em pleno século 21, em que vivemos, temos num texto evangélico: a transcrição dos evangelistas ou seja, a parábola de Jesus de Nazaré; a explicitação de Allan Kardec sob um texto evangélico e a contextualização, inserida na atualidade deste século 2.
Reflexionamos: Não teria o Mestre tido a intenção de fazer com que os homens, em diversas épocas, puderam pensar? Alem dos ensinamentos contidos no Evangelho? Não teria o Mestre orientado os próprios homens, sob a vida e o mundo? E, daí, elaborar e decidir, utilizando o livre arbítrio, os caminhos a seguir nesta vida material? E ainda mais: Não queria o Mestre, ao falar por meio de parábolas, evitar oferecer receitas prontas, em textos literais, que, infelizmente ocorre em diversas manifestações religiosas? Foi por isto que Allan Kardec, na explicitação das parábolas, disse: "Estando eles (os discípulos do passado, e ousamos acrescentar os novos discípulos) mais adiantados, moral e intelectualmente poderia iniciá-los nos princípios mais abstratos". E foi por isso que Emmanuel, neste sentido de parábola, sinalizou:
"Se quisermos preservar a Doutrina Espírita é necessário compreender-lhes as finalidades de escola", queiram ou não os novos discípulos do Evangelho.
Bibliografia:
A Bíblia Sagrada - Trad. De J.F. de Almeida, soc. Bibl. Do Brasil, Rio de Janeiro, 216 pág 1962
Kardec, Allan O Evangelho Segundo o Espiritismo, Edit, FEB, Rio de Janeiro
Coleção O Reformador, órgão da federação Espírita brasileira;
Coleção dos jornais O Semeador e Jornal Espírita, órgão da federação espírita do Estado de são Paulo (FEESP)
Coleção Dirigente Espírita, órgão Da união das sociedades espíritas do estado de São Paulo (USE-SP)
Dulcídio Dibo - Jornal O Semeador FEESP

Parábola - O Filho Pródigo
“Um certo homem tinha dois filhos;
E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte da fazenda que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda.
E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente.
E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades.
E, foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos.
E desejava encher seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada.
E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!
Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti;
Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros.
E, levantando-se, foi para o seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.
E o filho lhe disse: Pai pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho.
Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa o melhor vestido, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés;
E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos; e alegremo-nos;
Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se.
E o seu filho mais velho estava no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças.
E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.
E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo. 
Mas ele se indignou, e não queria entrar. E, saindo o pai, instava com ele.
Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos;
Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou a tua fazenda com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.
E ele disse ao filho: Filho, tu sempre estás comigo e todas as minhas coisas são tuas;
Mas era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se.”
(Lc, 15: 11 a 32)

 Parábola do Semeador
Quando temos contato com novos conhecimentos e princípios, a primeira atitude é tentar levar estas novidades aos nossos parentes e amigos íntimos. Isto porque gostaríamos que eles sentissem a mesma satisfação que estamos tendo. Porém, muitas vezes nosso próximo não entende os princípios como nós entendemos. Acham-nos irreais, complicados ou bons para ouvir, mas não para praticar.
Isso acaba nos desanimando. Mas há uma passagem evangélica, uma parábola, em que Jesus comenta esta situação e à luz da Doutrina Espírita passaremos a compreender por que isso acontece. Nas parábolas, são contadas histórias, geralmente com personagens típicos do ambiente do contador e ouvinte, com um fundo moral. Jesus utilizava muito deste recurso, pois poucos de sua época tinham a condição de entender o que ele dizia, devido à evolução espiritual deles. Ele mesmo afirma isso em Mateus, capítulo XIII, versículo 13 desta passagem. E existindo diferentes graus de evolução espiritual e de entendimento, cada um enxerga de uma maneira, e mesmo que queiramos fazer com que alguém compreenda algo à força, nossa tentativa será em vão. Tudo tem sua hora. Esta é a lei da natureza.
"Eis que o semeador saiu a semear.
E quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves, e comeram-na;
E outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda;
Mas vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz.
E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram, e sufocaram-na.
E outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça".(Mateus, XIII, 3 a 9)."Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria".(Paulo, II aos Coríntios, IX, 7).

O semeador da parábola é Jesus. As sementes são seus ensinos, os quais são distribuídos ao mundo através das religiões.
A partir daí, o Mestre começa fazer um comparativo na maneira de ver e entender de cada pessoa, demonstrando as nuanças da personalidade humana.
As sementes que caem ao pé do caminho e que são comidas pelas aves do céu antes que nasçam simbolizam aqueles que, mesmo tendo a oportunidade de conhecer a palavra de Deus, não se importam com ela. Estão com o pensamento totalmente voltado para a vida mundana. Tudo que se relaciona a Deus ou à moral cristã é visto com desprezo. Jesus compara as aves aos Espíritos maus que aproveitam as más tendências destes indivíduos para os atormentar e inspirá-los a permanecerem longe do Criador.
Já as sementes que caem em pedregais, nascendo logo devido à pouca profundidade da terra, lembra os que conhecem a palavra de Deus e como que num passe de mágica, maravilham-se. Sua mudança de conduta é instantânea, chegando mesmo a ser radical. Tudo que fazem passa a ser voltado para Deus e qualquer deslize de atitude é um martírio.
Na verdade, retratam os seres que creram, mas não compreenderam os ensinos espirituais. Acreditam estar isentos de qualquer outra dificuldade em suas vidas, por estarem dedicando-se ao extremo no trabalho de Jesus. Porém, a existência não é assim, e logo virão as provas e expiações, necessárias ao nosso aprimoramento moral e intelectual. É o sol da parábola, que queimará aquela planta que cresceu sem que tivesse raízes profundas, ou seja, verdadeiro entendimento da vida e suas leis. A pessoa sente-se injustiçada por Deus, que, segundo ela, deveria evitar-lhe dores e dúvidas. E então, deixa por completo o trabalho espiritual e volta para sua descrença, não compreendendo que a natureza não dá saltos, e toda mudança abrupta tende a levar o ser ao ponto inicial.
A parte que caiu entre os espinhos leva àqueles que até escutam e entendem a palavra de Deus. Porém, os espinhos, que são suas preocupações excessivas com o trabalho material sufocam sua tentativa de entendimento e prática da caridade, afastando-os do conhecimento espiritual.
Finalmente, há a semente que cai em boa terra, cresce e frutifica. São aqueles que, compreendendo que a matéria não é tudo, buscam nos ensinamentos espirituais as respostas às suas dúvidas e o consolo às suas dores, fazendo da prática da caridade um hábito da existência.
Mas alerta Jesus que mesmo entre estes há diferenças de entendimento, pois alguns produzirão mais do que os outros. Caberá a cada homem saber se deverá dar trinta, sessenta ou cem por um. A consciência será seu guia.
Quem tiver ouvido de ouvir, ou seja, condição de entender, que assim o faça.
"Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria".(Paulo, II aos Coríntios, IX, 7).
Lembra Paulo de Tarso que aqueles que têm condições de trabalhar em nome de Jesus, fazendo algo em benefício do próximo, deve fazer de coração, e não por obrigação ou esperando uma troca com Deus. Verdadeiramente tem entendimento e faz parte da terra boa da parábola quem compreende sua função na Terra: Fazer ao próximo o quer que seja feito para si mesmo. Esta é a Lei, disse Jesus.

Parábola do Joio e do Trigo
(Mateus, 13:24-30, 36-43)

Um semeador, durante todo o dia, semeou grãos de trigo no seu campo.

Ao por do sol voltou para casa, cansado, mas feliz por haver realizado sua missão de trabalho. Semeara trigo e estava contente porque aquele trigo seria, em breve, transformado em pão, para alimento de muita gente.

Porém, esse homem tinha um inimigo que invejava suas plantações. O inimigo era mau e queria, a todo custo prejudicar as sementeiras do fazendeiro.

"Que farei?" - pensava o inimigo. E teve a idéia maldosa de semear pequenas pedras no campo de trigo; mas, poderiam ser retiradas e seu ódio não ficaria satisfeito. Resolveu, então, semear joio onde o trigo havia sido semeado. Foi esse o plano maldoso do inimigo do semeador.

O joio é uma planta muito parecida com o trigo, mas, não serve para a alimentação do homem, podendo até envenená-lo. Eis porque o inimigo do fazendeiro quis fazer a mistura do joio com o trigo no campo, visando prejudicar a colheita e causar males aos que se alimentassem do produto daquele campo.

O inimigo fez o que pensou. Durante a noite, enquanto o fazendeiro e seus trabalhadores dormiam, o homem maldoso entrou no campo e semeou joio no meio do trigal. Completada sua obra de ódio e ruindade, ele se retirou, cuidadosamente.


Algum tempo depois, quando as espigas de trigo já surgiam no campo, apareceu também o joio.

Então, os trabalhadores foram dizer ao fazendeiro o que haviam visto no campo:

_ Senhor, não semeaste no campo somente boas sementes? por que, então, está nascendo joio no trigal?

O fazendeiro já havia descoberto tudo e respondeu aos servidores:

_ Foi um inimigo que fez isso...

Os trabalhadores lhe perguntaram:

_ Senhor, querer que vamos, agora mesmo, arrancar o joio?

O senhor , porém, lhes respondeu com uma explicação:

_ Não é possível fazer isso agora. Vocês sabem que o joio é muito parecido com o trigo. Se vocês quiserem arrancar o joio, que foi plantado junto com o bom grão, arrancarão também o trigo, pois as raízes de ambos muitas vezes se entrelaçam. Deixem que cresçam juntos o joio e o trigo. Na época da ceifa, eu direi aos ceifeiros que colham primeiro o joio e o atem em feixes para queimá-lo; e depois juntem o trigo no meu celeiro.

Parábola do Bom Samaritano
“E eis que se levantou um doutor da lei e lhe disse: Mestre, que hei de eu fazer para entrar na posse da vida eterna? Disse-lhe então Jesus: Que é o está escrito na lei? Como a lês tu? Ele, respondendo disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o coração, de toda tua alma, de todas as tuas forças e de todo teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. E Jesus lhe disse: Respondeste bem, faze isso e viverás. Mas ele querendo justificar-se disse a Jesus: E quem é o meu próximo Jesus, prosseguindo lhe disse: Um homem descia de Jerusalém a Jericó e caiu nas mãos dos salteadores, que o despojaram e espancaram e se foram, deixando-o semimorto. Aconteceu que pelo mesmo caminho desceu um sacerdote, que o viu e passou de largo. Do mesmo modo um levita, que também foi ter àquele lugar, viu o homem e passou de largo. Um samaritano, porém, seguindo o seu caminho, veio onde estava o homem e ao vêlo se encheu de compaixão. Aproximou-se dele, pensou-lhe as feridas deitando nelas óleo e vinho, colocou-o sobre a sua alimária e o levou para uma hospedaria, onde cuidou dele. No dia seguinte tirou dois denários e os deu ao hospedeiro, dizendo: Trata desse homem e na minha volta te pagarei tudo quando despenderes a mais. Qual dos três te parece que tinha sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? Respondeu o doutor da lei: O que para com ele usou de misericórdia. Pois vai, disse-lhe Jesus, e faze o mesmo. (Lucas, X; 25 a 37).
As coisas do Espírito, os mistérios de Deus, serão reveladas como disse Jesus, dando graças ao Pai, aos pequeninos e humildes e escondidos aos sábios orgulhosos.
Também disse Jesus: “Amai aos vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem e caluniam”. “Bem-aventurados os humildes de espírito”. “Bem-aventurados os que são misericordiosos”.”Amai ao vosso próximo como a vós mesmos”. “Fazei aos outros como quereríeis que vos fizessem”. “Não julgueis para não serdes julgados, mas julgai-vos a vós mesmos, antes de julgardes aos outros”. “Perdoai sempre”. “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem os consomem e os ladrões roubam”. Todas estas coisas o Mestre ensinou, vivendo-as, e muitas mais exemplificou manifestando invariávelmente nos seus ensinos que tudo afinal se pode resumir na caridade e na humildade, virtudes essenciais essas das quais todas as mais decorrem. Viveu-as na plenitude, apregoando-as sem cessar, assim como reprovou o orgulho e o egoísmo.
Jesus não pergunta se tais ou quais formalidades foram preenchidas, ou se estas ou aquelas exterioridades foram observadas, mas deseja saber tão só se a caridade foi exercida para com o próximo. Não indaga da maneira de crer de cada um, nem faz distinção entre o herético, infiel samaritano e o fariseu ortodoxo, mas considera-os todos irmãos; até muito ao contrário, como no caso da parábola que encabeça esta lição, o Mestre coloca o samaritano, considerado como hereje, mas que tem amor ao próximo, acima do judeu ortodoxo e cheio de crença mas a quem falta a caridade.
O que pratica a caridade como Jesus ensinou, com humildade, é manso, benevolente, indulgente e justo ao passo que o orgulho é prepotente, agressivo, intolerante, hipócrita, discutidor e egoísta.

O primeiro, o que pratica a caridade, está no caminho da ascensão, é um evoluído, um unificador e que pertence à direita de Jesus e o segundo, o orgulhoso e egoísta é o rebelde e negador, que ainda não alijou de si mesmo o instinto animal da fera que quer sempre agredir, é separatista e pertence à esquerda de Jesus.
Como vimos, a parábola foi proposta a um doutor da lei, a um judeu da alta sociedade da época que, para tentar ou experimentar o Mestre, inquiriu-o a respeito da vida eterna. Pela resposta universalista do Cristo, podem os inquiridores de todos os tempos verificar que não há exclusivismo, nem privilégios no cumprimento da lei de Deus, bastando somente ter coração, alma e cérebro, isto é, ter amor, porque todo aquele que verdadeiramente ama auxiliará sempre o seu próximo.

INSRUÇÕES / ENSINAMENTOS

O que se deve entender por pobres de espírito
1. Bem-aventurados os pobres de espírito, pois que deles é o reino dos céus. 
(S. MATEUS, cap. V, v. 3.)

2. A incredulidade zombou desta máxima: Bem-aventurados os pobres de espírito, como tem zombado de muitas outras coisas que não compreende. Por pobres de espírito Jesus não entende os baldos de inteligência, mas os humildes, tanto que diz ser para estes o reino dos céus e não para os orgulhosos.
Os homens de saber e de espírito, no entender do mundo, formam geralmente tão alto conceito de si próprios e da sua superioridade, que consideram as coisas divinas como indignas de lhes merecer a atenção. Concentrando sobre si mesmos os seus olhares, eles não os podem elevar até Deus. Essa tendência, de se acreditarem superiores a tudo, muito amiúde os leva a negar aquilo que, estando-lhes acima, os depreciaria, a negar até mesmo a Divindade. Ou, se condescendem em admiti-la, contestam-lhe um dos mais belos atributos: a ação providencial sobre as coisas deste mundo, persuadidos de que eles são suficientes para bem governá-lo. Tomando a inteligência que possuem para medida da inteligência universal, e julgando-se aptos a tudo compreender, não podem crer na possibilidade do que não compreendem. Consideram sem apelação as sentenças que proferem.
Se se recusam a admitir o mundo invisível e uma potência extra-humana, não é que isso lhes esteja fora do alcance; é que o orgulho se lhes revolta à idéia de uma coisa acima da qual não possam colocar-se e que os faria descer do pedestal onde se contemplam. Dai o só terem sorrisos de mofa para tudo o que não pertence ao mundo visível e tangível. Eles se atribuem espírito e saber em tão grande cópia, que não podem crer em coisas, segundo pensam, boas apenas para gente simples, tendo por pobres de espírito os que as tomam a sério.
Entretanto, digam o que disserem, forçoso lhes será entrar, como os outros, nesse mundo invisível de que escarnecem. E lá que os olhos se lhes abrirão e eles reconhecerão o erro em que caíram. Deus, porém, que é justo, não pode receber da mesma forma aquele que lhe desconheceu a majestade e outro que humildemente se lhe submeteu às leis, nem os aquinhoar em partes iguais.
Dizendo que o reino dos céus é dos simples, quis Jesus significar que a ninguém é concedida entrada nesse reino, sem a simplicidade de coração e humildade de espírito; que o ignorante possuidor dessas qualidades será preferido ao sábio que mais crê em si do que em Deus. Em todas as circunstâncias, Jesus põe a humildade na categoria das virtudes que aproximam de Deus e o orgulho entre os vícios que dele afastam a criatura, e isso por uma razão multo natural: a de ser a humildade um ato de submissão a Deus, ao passo que o orgulho é a revolta contra ele. Mais vale, pois, que o homem, para felicidade do seu futuro, seja pobre em espírito, conforme o entende o mundo, e rico em qualidades morais.

Piedade filial
Sabeis os mandamentos: não cometereis adultério; não matareis; não roubareis; não prestareis falso-testemunho; não fareis agravo a ninguém; honrai a vosso pai e a vossa mãe. (S. MARCOS, capítulo X, v. 19; S. LUCAS, cap. XVIII, v. 20; S. MATEUS, cap. XIX, vv. 18 e 19.)

3. O mandamento: "Honrai a vosso pai e a vossa mãe" é um corolário da lei geral de caridade e de amor ao próximo, visto que não pode amar o seu próximo aquele que não ama a seu pai e a sua mãe; mas, o termo honrai encerra um dever a mais para com eles: o da piedade filial. Quis Deus mostrar por essa forma que ao amor se devem juntar o respeito, as atenções, a submissão e a condescendência, o que envolve a obrigação de cumprir-se para com eles, de modo ainda mais rigoroso, tudo o que a caridade ordena relativamente ao próximo em geral. Esse dever se estende naturalmente às pessoas que fazem as vezes de pai e de mãe, as quais tanto maior mérito têm, quanto menos obrigatório é para elas o devotamento. Deus pune sempre com rigor toda violação desse mandamento.
Honrar a seu pai e a sua mãe, não consiste apenas em respeitá-los; é também assisti-los na necessidade; é proporcionar-lhes repouso na velhice; é cercá-los de cuidados como eles fizeram conosco, na infância.
Sobretudo para com os pais sem recursos é que se demonstra a verdadeira piedade filial. Obedecem a esse mandamento os que julgam fazer grande coisa porque dão a seus pais o estritamente necessário para não morrerem de fome, enquanto eles de nada se privam, atirando-os para os cômodos mais ínfimos da casa, apenas por não os deixarem na rua, reservando para si o que há de melhor, de mais confortável? Ainda bem quando não o fazem de má-vontade e não os obrigam a comprar caro o que lhes resta a viver, descarregando sobre eles o peso do governo da casa! Será então aos pais velhos e fracos que cabe servir a filhos jovens e fortes? Ter-lhes-á a mãe vendido o leite, quando os amamentava? Contou porventura suas vigílias, quando eles estavam doentes, os passos que deram para lhes obter o de que necessitavam? Não, os filhos não devem a seus pais pobres só o estritamente necessário, devem-lhes também, na medida do que puderem, os pequenos nadas supérfluos, as solicitudes, os cuidados amáveis, que são apenas o juro do que receberam, o pagamento de uma dívida sagrada. Unicamente essa é a piedade filial grata a Deus.
Ai, pois, daquele que olvida o que deve aos que o ampararam em sua fraqueza, que com a vida material lhe deram a vida moral, que muitas vezes se impuseram duras privações para lhe garantir o bem-estar. Ai do ingrato: será punido com a ingratidão e o abandono; será ferido nas suas mais caras afeições, algumas vezes já na existência atual, mas com certeza noutra, em que sofrerá o que houver feito aos outros.
Alguns pais, é certo, descuram de seus deveres e não são para os filhos o que deviam ser; mas, a Deus é que compete puni-los e não a seus filhos. Não compete a estes censurá-los, porque talvez hajam merecido que aqueles fossem quais se mostram. Se a lei da caridade manda se pague o mal com o bem, se seja indulgente para as imperfeições de outrem, se não diga mal do próximo, se lhe esqueçam e perdoem os agravos, se ame até os inimigos, quão maiores não hão de ser essas obrigações, em se tratando de filhos para com os pais! Devem, pois, os filhos tomar corno regra de conduta para com seus pais todos os preceitos de Jesus concernentes ao próximo e ter presente que todo procedimento censurável, com relação aos estranhos, ainda mais censurável se torna relativamente aos pais; e que o que talvez não passe de simples falta, no primeiro caso, pode ser considerado um crime, no segundo, porque, aqui, à falta de caridade se junta a ingratidão.

O Passado
Muitas pessoas afirmam desejar conhecer suas encarnações anteriores.
Uma boa parte delas espera ter animado importantes personalidades históricas.
Reis e santos, poetas e intelectuais, sumidades as mais diversas não faltam no imaginário dos candidatos à recordação.
Entretanto, é preciso lembrar que a lei do progresso vigora em toda a sua plenitude.
Ela impede o retrocesso moral e intelectual.
As condições sociais podem variar significativamente ao longo dos séculos.
É possível passar-se da extrema riqueza à mais abjeta pobreza, de uma encarnação a outra.
Esse movimento pendular presta-se a viabilizar a realização da justiça Divina.
Mediante ele, o poderoso que elaborou leis iníquas para o povo, posteriormente a elas se submete.
Quem lesou o patrimônio público terá oportunidade de se ressentir da falta de educação e segurança públicas eficientes.
O mau patrão poderá experimentar a condição de empregado oprimido.
Essa oscilação nas condições materiais também auxilia o despertar da sensibilidade.
O homem que olha insensível a dor alheia candidata-se a experimentá-la.
Nem toda dor é uma expiação.
O sofrimento é corolário da imperfeição.
Todo vício, toda insensibilidade, toda rudeza atrai a dor como um remédio necessário.
Somente a perfeição moral e intelectual livra a criatura de experiências dolorosas.
A partir de certo nível de desenvolvimento, o espírito desvincula-se das experiências materiais.
Sem necessidade de vivências terrenas, a elas retorna por espírito de amor e serviço.
Cumprindo missões, dá exemplo de genuína elevação moral e intelectual.
Mas o relevante é que a evolução conquistada jamais é perdida.
Nenhuma alma generosa de repente se torna mesquinha.
O homem intelectualmente superior não perde suas habilidades intelectuais.
Por certo, quem utilizou mal a inteligência pode renascer na condição de idiota.
Ou viver em condições difíceis que não lhe possibilitem adquirir cultura.
Contudo, ordinariamente a alma expressa o seu potencial.
Assim, a criatura pode ter certeza de que se encontra no ápice de sua evolução.
Ninguém jamais foi tão bondoso e inteligente como é hoje.
Esse raciocínio auxilia a perder ilusões quanto ao próprio passado espiritual.
Quem atualmente detesta estudar, certamente nunca foi um intelectual.
O homem egoísta ou fútil de hoje pode ter como certo jamais ter sido um santo, na acepção da palavra.
Raras pessoas têm recordações precisas do que viveram nos séculos precedentes.
Entretanto, se a recordação detalhada não é possível, nem por isso é inviável ter uma noção do que se viveu.
Para ter uma idéia do que se fez, basta analisar as tendências atuais.
E pensar que ocorreu uma melhora, ao longo do tempo.
As suas idéias inatas revelam o seu nível evolutivo e o caminho que você trilhou.
Para se conhecer, preste atenção nos impulsos mais naturais de seu coração.
Caso seu agir e seu sentir instintivos tenham algo de egoísta, insensível ou vulgar, convém refletir sobre isso.
Enquanto não burilar o seu íntimo, você permanecerá tendo experiências dolorosas.
Então, é de seu interesse mais direto modificar o próprio comportamento e livrar-se de velhas fissuras morais.
Afinal, mais importante do que saber o que você já viveu, é garantir que o seu futuro seja pleno de felicidade e bem-estar.
Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita

PROGRAMAÇÃO ESPIRITUAL
Antes de renascer na carne, cada Espírito elabora uma programação a cumprir.
Orientado por amorosos e sábios Guias, ele se decide por determinadas vivências.
Esse plano é habitualmente precedido de uma incursão pela memória do candidato à reencarnação.
Salvo o caso de almas muito valorosas, a recordação é algo restrita, a fim de não desequilibrar o Espírito.
É que uma parte muito considerável dos Espíritos cometeu incontáveis equívocos antes de optar pelo bem.
A misericórdia Divina costuma lançar um véu sobre o passado, para permitir o soerguimento do ser.
Mas chega uma hora em que ele já entesourou bastante compreensão da vida e se habituou a perdoar.
Quando a alma se ocupa de amar e esquece de condenar é que pode recordar mais amplamente o que viveu.
A compaixão que aplica naturalmente ao semelhante a credencia a conhecer seu histórico e a perdoar-se também.
Enquanto o amor não domina o ser, este segue tateando em sua evolução.
Mas sempre conta com o apoio de amigos mais evoluídos, que o auxiliam a planejar as futuras vivências.
O livre-arbítrio é costumeiramente respeitado e ninguém se obriga a viver o que não deseja.
O Espírito, por sua conta e risco, pode protelar por um tempo o próprio reajustamento com as leis cósmicas.
Entretanto, não há paz e bem-estar sem consciência tranqüila.
Mais cedo ou mais tarde, ele resolve se dignificar perante os próprios olhos.
O espetáculo da felicidade dos bons Espíritos é um estímulo tentador para quem segue na retaguarda.
Entre permanecer desequilibrado e trabalhar pela própria felicidade, o trabalho parece altamente desejável.
Certa exceção quanto à liberdade na escolha das provas e expiações ocorre no caso de Espíritos muito endurecidos.
Se a liberdade integra a Lei Divina, o mesmo ocorre com o progresso.
Todos os Espíritos devem evoluir para Deus.
Quando conscientes, participam ativamente das decisões sobre o que precisam viver.
É até comum que peçam provas demasiado rudes, no afã de progredir rapidamente.
Então, os amigos espirituais buscam convencê-los a serem mais modestos em sua pretensão.
É melhor avançar mais lentamente do que falir em um projeto grandioso.
Contudo, quando o Espírito é renitente no mal ou um contumaz preguiçoso, pode ser conduzido a uma existência que não deseja.
Seres que enlouqueceram em vivências cruéis ou que perderam o discernimento em rebeldias contra as Leis Divinas são momentaneamente tutelados em seu refazimento.
O ser é tão mais livre quanto mais consciente de seus deveres.
Não ocorreria a nenhum pai deixar a criança decidir se vai ou não para a escola.
Como nenhum pai sensato obrigaria o filho a cursar uma faculdade que detesta.
Em tudo, deve vigorar equilíbrio e respeito a quem tem maturidade para autodeterminar-se.
Assim, com base em liberdade, responsabilidade e conhecimento do passado, são programadas as existências terrenas.
Não se trata de um roteiro minucioso ou de um destino inexorável.
Alguns eventos marcantes são programados, mas a conduta a ser adotada é de inteira responsabilidade do reencarnante.
Este é livre para comportar-se dignamente ou para rebelar-se e fugir ao dever que se apresenta em sua vida.
O relevante é que ninguém é vítima indefesa de forças caprichosas ou arbitrárias.
Em tudo se tem a Justiça Cósmica, que aproveita erros e acertos humanos para conduzir os Espíritos à felicidade.
Pense nisso. 

Redação do Momento Espírita

O Homem de Bem
3 – O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e caridade, na sua maior pureza. Se interroga a sua consciência sobre os próprios atos, pergunta se não violou essa lei, se não cometeu o mal, se fez todo o bem que podia, se não deixou escapar voluntariamente uma ocasião de ser útil, se ninguém tem do que se queixar dele, enfim, se fez aos outros aquilo que queria que os outros fizessem por ele.
Tem fé em Deus, na sua bondade, na sua justiça e na sua sabedoria; sabe que nada acontece sem a sua permissão, e submete-se em todas as coisas à sua vontade.
Tem fé no futuro, e por isso coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.
Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções, são provas ou expiações, e as aceita sem murmurar.
O homem possuído pelo sentimento de caridade e de amor ao próximo faz o bem pelo bem, sem esperar recompensa, paga o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte e sacrifica sempre o seu interesse à justiça.
Encontra usa satisfação nos benefícios que distribui, nos serviços que presta, nas venturas que promove, nas lágrimas que faz secar, nas consolações que leva aos aflitos. Seu primeiro impulso é o de pensar nos outros., antes que em si mesmo, de tratar dos interesses dos outros, antes que dos seus. O egoísta, ao contrário, calcula os proveitos e as perdas de cada ação generosa.
É bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças nem de crenças, porque vê todos os homens como irmãos.
Respeita nos outros todas as convicções sinceras, e não lança o anátema aos que não pensam como ele.
Em todas as circunstâncias, a caridade é o seu guia. Considera que aquele que prejudica os outros com palavras maldosas, que fere a suscetibilidade alheia com o seu orgulho e o seu desdém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever do amor ao próximo e não merece a clemência do Senhor.
Não tem ódio nem rancor, nem desejos de vingança. A exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas, e não se lembra senão dos benefícios. Porque sabe que será perdoado, conforme houver perdoado.
É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que ele mesmo tem necessidade de indulgência, e se lembra destas palavras do Cristo: “Aquele que está sem pecado atire a primeira pedra”.
Não se compraz em procurar os defeitos dos outros, nem a pô-los em evidência. Se a necessidade o obriga a isso, procura sempre o bem que pode atenuar o mal.
Estuda as suas próprias imperfeições, e trabalha sem cessar em combatê-las. Todos os seus esforços tendem a permitir-lhe dizer, amanhã, que traz em si alguma coisa melhor do que na véspera.
Não tenta fazer valer o seu espírito, nem os seus talentos, às expensas dos outros. Pelo contrário, aproveita todas as ocasiões para fazer ressaltar a vantagens dos outros.
Não se envaidece em nada com a sua sorte, nem com os seus predicados pessoais, porque sabe que tudo quanto lhe foi dado pode ser retirado.
Usa mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe tratar-se de um depósito, do qual deverá prestar contas, e que o emprego mais prejudicial para si mesmo, que poderá lhes dar, é pô-los ao serviço da satisfação de suas paixões.
Se nas relações sociais, alguns homens se encontram na sua dependência, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus. Usa sua autoridade para erguer-lhes a moral, e não para os esmagar com o seu orgulho, e evita tudo quanto poderia tornar mais penosa a sua posição subalterna.
O subordinado, por sua vez, compreende os deveres da sua posição, e tem o escrúpulo de procurar cumpri-los conscientemente. (Ver cap.XVII, nº 9)
O homem de bem, enfim, respeita nos seus semelhantes todos os direitos que lhes são assegurados pelas leis da natureza, como desejaria que os seus fossem respeitados.
Esta não é a relação completa das qualidades que distinguem o homem de bem, mas quem quer que se esforce para possuí-las, estará no caminho que conduz às demais.

CIÊNCIA E AMOR
"A ciência incha, mas o amor edifica." Paulo. (1 CORINTIOS, 8:1.)
A ciência pode estar cheia de poder, mas só o amor beneficia. A ciência, em todas as épocas, conseguiu inúmeras expressões evolutivas. Vemo-la no mundo, exibindo realizações que pareciam quase inatingíveis. Máquinas enormes cruzam os ares e o fundo dos oceanos. A palavra é transmitida, sem fios, a longas distâncias. A imprensa difunde raciocínios mundiais. Mas, para essa mesma ciência pouco importa que o homem lhe use os frutos para o bem ou para o mal. Não compreende o desinteresse, nem as finalidades santas.
O amor, porém, aproxima-se de seus labores e retifica-os, conferindo-lhe a consciência do bem. Ensina que cada máquina deve servir como utilidade divina, no caminho dos homens para Deus, que somente se deveria transmitir a palavra edificante como dádiva do Altíssimo, que apenas seria justa a publicação dos raciocínios elevados para o esforço redentor das criaturas.
Se a ciência descobre explosivos, esclarece o amor quanto à utilização deles na abertura de estradas que liguem os povos; se a primeira confecciona um livro, ensina o segundo como gravar a verdade consoladora. A ciência pode concretizar muitas obras úteis, mas só o amor institui as obras mais altas. Não duvidamos de que a primeira, bem interpretada, possa dotar o homem de um coração corajoso; entretanto, somente o segundo pode dar um coração iluminado.
O mundo permanece em obscuridade e sofrimento, porque a ciência foi assalariada pelo ódio, que aniquila e perverte, e só alcançará o porto de segurança quando se render plenamente ao amor de Jesus Cristo.

Emmanuel
Do livro: Caminho, Verdade e Vida

O grande educandário
De portas abertas à glória do ensino, a Terra, nas linhas da atividades carnal, é, realmente, um universidade sublime, funcionando, em vários cursos e disciplinas, com dois bilhões de alunos, aproximadamente, matriculados nas várias raças e nações.
Mais de vinte bilhões de almas conscientes, desencarnadas, sem nos reportarmos aos bilhões de inteligências sub-humanas que são aproveitadas nos múltiplos serviços do progresso planetário, cercam o domicílio terrestre, demorando-se noutras faixas de evolução.
Para a maioria dessas criaturas, necessitadas de experiência nova e mais ampla, a reencarnação não é somente um impositivo natural mas também um prêmio pelo ensejo de aprendizagem.
Assim é que, sob a iluminada supervisão das Inteligências Divinas, cada povo, no passado ou no presente, constitui uma seção preparatória da Humanidade, à frente do porvir.
Ontem, aprendíamos a ciência no Egito, a espiritualidade na Índia, o comércio na Fenícia, a revelação em Jerusalém, o direito em Roma e filosofia na Grécia. Hoje, adquirimos a educação na Inglaterra, a arte na Itália, a paciência na China, a técnica industrial na Alemanha, o respeito à liberdade na Suíça e a renovação espiritual nas Américas.
Cada nação possui tarefa especifica no aprimoramento do mundo. E ainda mesmo quando os blocos raciais, em desvairo, se desmandam na guerra, movimentam-se à procura de valores novos no próprio engrandecimento.
Nós círculos do Planeta, vemos as mais primitivas comunidades dirigindo-se para as grandes aquisições culturais.
Se é verdade que a civilização refinada de hoje voa, pelo mundo, contornando-o em algumas horas, caracterizando-se pelos mais altos primores da inteligência, possuímos milhões de irmãos pela forma, infinitamente distantes do mundo moral. Quase nada diferindo dos irracionais, não conseguiram ainda fixar a mínima noção de responsabilidade.
Os anões docos da Abissínia, sem qualquer vestuário e pronunciando gritos estranhos à guisa de linguagem, mais se assemelham aos macacos.
Os nossos irmãos negros de Kytches passam os dias estirados no chão, à espera de ratos com que possam mitigar a própria fome.
Entre grande parte dos africanos orientais, não existe ligação moral entre pais e filhos.
Os Latucas, no interior da África, não conhecem qualquer sentimento de compaixão ou dever.
Remanescentes dos primitivos habitantes das Filipinas erram nas montanhas, à maneira de animais indomesticáveis.
E, não longe de nós, os botocudos, entregues à caça e à pesca, são exemplares terríveis de bruteza e ferocidade.
No imenso educandário, há tarefas múltiplas e urgentes para todos os que aprendem que a vida é movimento, progresso, ascensão.
Na fé religiosa como na administração dos patrimônios públicos, na arte tanto quanto na indústria, nas obras de instrução como nas ciências agrícolas, a individualidade encontra vastíssimo campo de ação, com dilatados recursos de evidenciar-se.
O trabalho é a escada divina de acesso aos lauréis imarcescíveis do espírito.
Ninguém precisa pedir transferência para Júpiter ou Saturno, a fim de colaborar na criação de novos céus. A Terra, nossa casa e nossa oficina, em plena paisagem cósmica, espera por nós, a fim de que a convertamos em glorioso paraíso.

Emmanuel 
Livro “Roteiro”

A caridade material e a caridade moral
Capítulo XIII - Não saiba a vossa mão esquerda o que dê a vossa mão direita

Instruções dos Espíritos - A caridade material e a caridade moral

9. "Amemo-nos uns aos outros e façamos aos outros o que quereríamos nos fizessem eles." Toda a religião, toda a moral se acham encerradas nestes dois preceitos. Se fossem observados nesse mundo, todos seríeis felizes: não mais aí ódios, nem ressentimentos. Direi ainda: não mais pobreza, porquanto, do supérfluo da mesa de cada rico, muitos pobres se alimentariam e não mais veríeis, nos quarteirões sombrios onde habitei durante a minha última encarnação, pobres mulheres arrastando consigo miseráveis crianças a quem tudo faltava.
Ricos! pensai nisto um pouco. Auxiliai os infelizes o melhor que puderdes. Dai, para que Deus, um dia, vos retribua o bem que houverdes feito, para que tenhais, ao sairdes do vosso invólucro terreno, um cortejo de Espíritos agradecidos, a receber-vos no limiar de um mundo mais ditoso.
Se pudésseis saber da alegria que experimentei ao encontrar no Além aqueles a quem, na minha última existência, me fora dado servir!...
Amai, portanto, o vosso próximo; amai-o como a vós mesmos, pois já sabeis, agora, que, repelindo um desgraçado, estareis, quiçá, afastando de vós um irmão, um pai, um amigo vosso de outrora. Se assim for, de que desespero não vos sentireis presa, ao reconhecê-lo no mundo dos Espíritos!
Desejo compreendais bem o que seja a caridade moral, que todos podem praticar, que nada custa, materialmente falando, porém, que é a mais difícil de exercer-se.
A caridade moral consiste em se suportarem umas às outras as criaturas e é o que menos fazeis nesse mundo inferior, onde vos achais, por agora, encarnados. Grande mérito há, crede-me, em um homem saber calar-se, deixando fale outro mais tolo do que ele. É um gênero de caridade isso. Saber ser surdo quando uma palavra zombeteira se escapa de uma boca habituada a escarnecer; não ver o sorriso de desdém com que vos recebem pessoas que, muitas vezes erradamente, se supõem acima de vós, quando na vida espírita, a única real, estão, não raro, muito abaixo, constitui merecimento, não do ponto de vista da humildade, mas do da caridade, porquanto não dar atenção ao mau proceder de ou trem é caridade moral.
Essa caridade, no entanto, não deve obstar à outra. Tende, porém, cuidado, principalmente em não tratar com desprezo o vosso semelhante. Lembrai-vos de tudo o que já vos tenho dito: Tende presente sempre que, repelindo um pobre, talvez repilais um Espírito que vos foi caro e que, no momento, se encontra em posição inferior à vossa. Encontrei aqui um dos pobres da Terra, a quem, por felicidade, eu pudera auxiliar algumas vezes, e ao qual, a meu turno, tenho agora de implorar auxilio.
Lembrai-vos de que Jesus disse que todos somos irmãos e pensai sempre nisso, antes de repelirdes o leproso ou o mendigo. Adeus: pensai nos que sofrem e orai. Irmã Rosália. (Paris, 1860.)
10. Meus amigos, a muitos dentre vós tenho ouvido dizer: Como hei de fazer caridade, se amiúde nem mesmo do necessário disponho?
Amigos, de mil maneiras se faz a caridade. Podeis fazê-la por pensamentos, por palavras e por ações. Por pensamentos, orando pelos pobres abandonados, que morreram sem se acharem sequer em condições de ver a luz. Uma prece feita de coração os alivia. Por palavras, dando aos vossos companheiros de todos os dias alguns bons conselhos, dizendo aos que o desespero, as privações azedaram o ânimo e levaram a blasfemar do nome do Altíssimo: "Eu era como sois; sofria, sentia-me desgraçado, mas acreditei no Espiritismo e, vede, agora, sou feliz." Aos velhos que vos disserem: "É inútil; estou no fim da minha jornada; morrerei como vivi", dizei: "Deus usa de justiça igual para com todos nós; lembrai-vos dos obreiros da última hora." As crianças já viciadas pelas companhias de que se cercaram e que vão pelo mundo, prestes a sucumbir às más tentações, dizei: "Deus vos vê, meus caros pequenos", e não vos canseis de lhes repetir essas brandas palavras. Elas acabarão por lhes germinar nas inteligências infantis e, em vez de vagabundos, fareis deles homens. Também isso é caridade.
Dizem, outros dentre vós: "Ora! somos tão numerosos na Terra, que Deus não nos pode ver a todos." Escutai bem isto, meus amigos: Quando estais no cume da montanha, não abrangeis com o olhar os bilhões de grãos de areia que a cobrem? Pois bem: do mesmo modo vos vê Deus. Ele vos deixa usar do vosso livre-arbítrio, como vós deixais que esses grãos de areia se movam ao sabor do vento que os dispersa. Apenas, Deus, em sua misericórdia infinita, vos pôs no fundo do coração uma sentinela vigilante, que se chama consciência. Escutai-a, que somente bons conselhos ela vos dará. As vezes, conseguis entorpecê-la, opondo-lhe o espírito do mal. Ela, então, se cala. Mas, ficai certos de que a pobre escorraçada se fará ouvir, logo que lhe deixardes aperceber-se da sombra do remorso. Ouvi-a, interrogai-a e com freqüência vos achareis consolados com o conselho que dela houverdes recebido.
Meus amigos, a cada regimento novo o general entrega um estandarte. Eu vos dou por divisa esta máxima do Cristo: "Amai-vos uns aos outros." Observai esse preceito, reuni-vos todos em torno dessa bandeira e tereis ventura e consolação. - Um Espírito protetor. (Lião, 1860.)

 Recursos mediúnicos
A mediunidade é recurso paranormal inerente a todos os homens. Conquista do Espírito através do tempo, melhor se expressa naqueles que mais facilmente se liberam das constrições do instinto, normalmente predominante em a natureza humana.
Instrumento para o intercâmbio entre as mentes desencarnadas e as criaturas ainda retidas no envoltório físico, varia em sensibilidade de captação e capacidade de filtragem, qual ocorre com as demais faculdades do ser.
Mais aguçada em uns indivíduos do que em outros, surge, espontaneamente, requerendo educação e estudo para atingir a finalidade a que se destina, como o embrião que espera cuidados e atenção para adquirir segurança, a fim de alcançar a meta que o aguarda.
As resistências e valores morais do médium constituem-lhe a garantia indispensável para o ministério a que se propõe.
A queda de água em desalinho produz desastres, enquanto que a canalizada gera força e energia.
A eletricidade, para alcançar o destino que a aguarda, impõe a presença de cabos condutores à altura da sua potência.
A segurança do edifício depende da estrutura na qual se apóia.
A perfeição do equipamento repousa na harmonia e na superior qualidade das suas peças.
A mediunidade, da mesma forma, necessita de vários e indispensáveis requisitos para produzir com segurança e equilíbrio.
***
Há médiuns e médiuns, que enxameiam por toda parte.
Conscientemente ou não, sintonizam, por automatismo ou desejo, com as mentes que lhes são afins.
Porque a população do mundo espiritual seja muito maior do que a do plano físico, os homens sempre se encontram acompanhados por Entidades desencarnadas, consoante os compromissos de outras reencarnações ou as tarefas a que ora se vinculam.
De acordo com a direção mental, as tendências, os hábitos e os interesses humanos, são estabelecidos os vínculos de ligação psíquica e dependência física com os Espíritos.
Como resultado, encontramos os médiuns da insensatez e do crime, como os medianeiros da esperança e da ordem;
os médiuns da perversidade e da alucinacão, como os portadores da bondade e do equilíbrio;
os médiuns dos vícios, escravizados aos tormentos que os ensandecem, assim como os veiculadores da virtude e da previdência;
os médiuns da ignorância e da sombra, mas, igualmente, os mensageiros da luz e do conhecimento;
os médiuns da ira, da calúnia, do ódio, no entanto, outros que o são do amor, da verdade, da paz...
Diferem uns dos outros pelo comportamento a que se entregam, tornando-se, portanto, veículos daqueles com os quais estabelecem ligação.
* * *
Identificando, ou não, a presença de recursos mediúnicos em ti mesmo, recorre à oração nos momentos de difícil decisão ou de testemunho, de trabalho ou de repouso.
Observa-te, tentando conheceres-te em profundidade.
Procura fixar as tuas características pessoais superiores, eliminando aquelas que se te irrompem intempestivamente, como resultado da própria impulsividade ou de inspiração negativa.
Recorda-te da invigilância mediúnica de Pedro, que se deixou vencer pelo medo a ponto de negar o Amigo, e da obsessão em Judas, que o levou a trair o Divino Benfeitor, mantendo-te atento e digno, a fim de que as "forças do mal" não te propilam a situações lamentáveis, de que te arrependerás.

Joanna de Ângelis por: Divaldo Franco
Livro Momentos de Coragem

 

Estudos Espiritas


 Estudos Espíritas

O que é o "passe"
O passe é uma transfusão de fluidos de um ser para outro. Emmanuel o define como uma "transfusão de energias fisio-psíquicas". Beneficia a quem o recebe, porque oferece novo contingente de fluidos já existentes.Emmanuel o considera "equilibrante ideal da mente, apoio eficaz de todos os tratamentos" e compara sua ação a do antibiótico e à assepsia, que servem ao corpo, frustrando instalação de doenças.
Através dele, muitas bênçãos poderemos receber do Alto melhorando o físico, revitalizando células cansadas, fortalecendo órgãos doentes, tonificando o perispírito em descontrole, pacificando o estado psíquico e mental de criaturas que se sentem em alguma dificuldade constrangedora... Como que tomamos uma potente "injeção" dando-nos alento para encarar a vida e lutar por vencer, por superar as dificuldades de cada dia.
O passe não surgiu com o Espiritismo, não é uma criação da Doutrina Espírita. Esse meio de socorrer os enfermos do corpo e da alma já era conhecido e empregado na Antiguidade. Jesus o utilizou, "impondo as mãos" sobre os enfermos e os perturbados espiritualmente, para beneficiá-los. E ensinou essa prática aos seus discípulos e apóstolos, que também a empregaram. Ao longo dos tempos, o passe continuou a ser usado, sob várias denominações e formas, em todo o mundo, ligado ou não a práticas religiosas. No século anterior a Kardec, tudo o que então se conhecia sobre fluidos e como empregá-los estava consubstanciado no Magnetismo, de que o médico austríaco Franz Anton Mesmer foi o grande expoente, beneficiando muitos enfermos. Mas havia, ainda, muita ignorância sobre o que fossem os fluidos e a forma de sua trans -missão. A codificação da Doutrina dos Espíritos, por Allan Kardec, permitiu entendermos melhor o processo pelo qual o ser humano influencia e é influenciado fluidicamente, tanto no plano material como no espiritual. Na atualidade, o passe continua a ser empregado por outras religiões, que o apresentam sob nomes e aparências diversas (benção, unção, johrei, benzedura). Pessoas sem qualquer relação com movimentos religiosos também o empregam.É no meio espírita, porém, que o passe é mais bem compreendido, mais largamente difundido e utilizado. Nele, o passe que Jesus ensinou e exemplificou veio a se tornar uma das principais práticas de ação fluídica.
Para o êxito dessa operação, cabe ao médium passista buscar na prece o fio de ligação com os planos mais elevados da vida. Mágoas excessivas, paixões, desequilíbrio nervoso e inquietude, bem como alimentos inadequados e alcoólicos, são fatores que reduzem as possibilidades do passista e que, portanto, devem ser evitados.
Aqueles que se consagram aos trabalhos de assistência aos enfermos através de passes, devem cultivar, além da humildade, boa vontade, pureza de fé, elevação de sentimentos e amor fraternal.

Quanto ao seu agente o passe pode ser classificado em:
1) MAGNÉTICO - Quando ministrado somente com os recursos fluídicos do próprio passista (magnetismo humano, próprio médium).
2) ESPIRITUAL - Quando ministrado pelos Espíritos unicamente com seus próprios fluidos (magnetismo espiritual), sem o concurso de intermediário (médium).Os Espíritos agem com observância da sintonia e considerando os méritos ou necessidades do assistido, que, às vezes, nem percebe ter sido beneficiado. Para receber um passe espiritual basta orar e colocar-se em estado receptivo.
3) HUMANO - ESPIRITUAL - Quando os Espíritos combinam seus fluidos com os do médium, dando-lhes características especiais."O fluido humano está sempre mais ou menos impregnado de impurezas físicas e morais do encarnado; o dos bons Espíritos é necessariamente mais puro e, por isto mesmo, tem propriedades mais ativas, que acarretam um fortalecimento mais pronto" .

O que é aura?
"O que é a aura humana senão um prolongamento do mundo da forma, na teia universal, do somatório daquilo que o indivíduo é na realidade?" Kuthumi.
É a manifestação conjunta de corpo, alma e mente que cria em torno da coluna vertebral e da medula espinhal, as emanações a que alguns chamam de "aura humana" e outros de "campo de força magnético do corpo do homem".
Assemelha-se a um gigantesco balão, abastecido por um fluxo de energia regulado por sete grandes centros de luz conhecidos como chacras.
As energias que circulam através do campo de força afetam diretamente os diversos níveis da existência humana, como a saúde, o humor, o equilíbrio emocional e mental e até a qualidade dos relacionamentos.
A quantidade das energias que circulam pelos chacras determinam o tamanho da aura e a qualidade, isto é, a maneira como cada indivíduo utiliza essas energias determina seu aspecto e a coloração, que acabam influenciando as circunstância da sua vida.
Temos que aprender a controlar, proteger, fortalecer e a transformar as energias internas e externas que passam pela sua aura através de práticas tais como mantras, meditações, visualizações e exercícios respiratórios, deixando nosso campo de força menos exposto às influências externas negativas - especialmente às energias conturbadas desses tempos em que vivemos.
As defumações, as incorporações dos guias espirituais, associados ao ritual de Umbanda, são poderosos meios de desintegração de nossas negatividades àuricas. Mas, lembremos, que são instrumentos que não nos dispensam da vigilância e do exercício da fraternidade, recursos perenes para nossa estabilidade energética e emocional.

Reuniões espíritas
Onde quer que se encontrem duas ou três pessoas reunidas em meu nome, eu com elas estarei. (S. MATEUS, cap. XVIII, v. 20.)

Estarem reunidas, em nome de Jesus, duas, três ou mais pessoas, não quer dizer que basta se achem materialmente juntas. É preciso que o estejam espiritualmente, em comunhão de intentos e de idéias, para o bem. Jesus, então, ou os Espíritos puros, que o representam, se encontrarão na assembléia, O Espiritismo nos faz compreender como podem os Espíritos achar-se entre nós. Comparecem com seu corpo fluídico ou espiritual e sob a aparência que nos levaria a reconhecê-los, se se tornassem visíveis. Quanto mais elevados são na hierarquia espiritual, tanto maior é neles o poder de irradiação. É assim que possuem o dom da ubiqüidade e que podem estar simultaneamente em muitos lugares, bastando para isso que enviem a cada um desses lugares um raio de suas mentes.
Dizendo as palavras acima transcritas, quis Jesus revelar o efeito da união e da fraternidade. O que o atrai não é o maior ou menor número de pessoas que se reúnam, pois, em vez de duas ou três, houvera ele podido dizer dez ou vinte, mas o sentimento de caridade que reciprocamente as anime. Ora, para isso, basta que elas sejam duas. Contudo, se essas duas pessoas oram cada uma por seu lado, embora dirigindo-se ambas a Jesus, não há entre elas comunhão de pensamentos, sobretudo se ali não estão sob o influxo de um sentimento de mútua benevolência. Se se olham com prevenção, com ódio, inveja ou ciúme, as correntes fluídicas de seus pensamentos, longe de se conjugarem por um comum impulso de simpatia, repelem-se. Nesse caso, não estarão reunidas em nome de Jesus, que, então, não passa de pretexto para a reunião, não o tendo esta por verdadeiro motivo. (Cap. XXVII, nº 9.)

Isso não significa que ele se mostre surdo ao que lhe diga uma única pessoa; e se ele não disse: "Atenderei a todo aquele que me chamar", é que, antes de tudo, exige o amor do próximo; e desse amor mais provas podem dar-se quando são muitos os que exoram, com exclusão de todo sentimento pessoal, e não um apenas. Segue-se que, se, numa assembléia numerosa, somente duas ou três pessoas se unem de coração, pelo sentimento de verdadeira caridade, enquanto as outras se isolam e se concentram em pensamentos egoísticos ou mundanos, ele estará com as primeiras e não com as outras. Não é, pois, a simultaneidade das palavras, dos cânticos ou dos atos exteriores que constitui a reunião em nome de Jesus, mas a comunhão de pensamentos, em concordância com o espírito de caridade que ele personifica. (Capítulo X, nº 7 e nº 8; cap. XXVII, nº 2 a nº 4.)

Tal o caráter de que devem revestir-se as reuniões espíritas sérias, aquelas em que sinceramente se deseja o concurso dos bons Espíritos.


O Sono e Sonhos - Visão Kardecista
Estudo parte I:

LIVRO DOS ESPIRITOS - Allan Kardec. Da Volta do Espírito a vida corporal. Parte Segunda. Capitulo VIII. Perguntas 400 a 406.

a) O espírito encarnado aspira sempre sua libertação do envoltório físico, que e' como se fosse um cárcere para oespírito.
b) O Espírito jamais esta inativo. Durante o sono, os laços que o prendem ao corpo físico se afrouxam e ele pode selançar no espaço.
c) Pelos sonhos pode-se avaliar a liberdade do espírito.Quando o corpo repousa o espírito tem mais faculdades, epode inclusive ter lembranças do passado e por-se em comunicação com outros espíritos.
d) Não recordamos totalmente de nossos sonhos pois, quando oespírito retorna o corpo, perde as lembranças do que passou.
e) As interpretações que se dão aos sonhos não tem relação com o que se sonha.
f) Muitas vezes os pressentimentos que temos em sonho são efeitos da imaginação, e não podemos esquecer que nos sonhoso espírito continua sendo influenciado pela matéria.
g) Podemos encontrar pessoas encarnadas durante o sonho epodem ser pessoas que nos vêem visitar.

Esclarecimentos:

1 - O espírito repousa quando do sono do corpo físico?

R - O Espírito está sempre em atividade, somente nosso corpofísico é que repousa; sendo justamente durante este período que o Espírito se encontra menos preso ou mais liberto do corpo e pode ter um contato maior com a espiritualidade seja ela Superior seja ela inferior.

2 - Porque não recordamos totalmente de nossos sonhos?

R - Nem sempre recordamos devido ao próprio retorno do espírito ao corpo físico, num processo semelhante ao esquecimento que ocorre durante a reencarnação.

3 - como analisar os que sempre interpretam os sonhos, buscando uma explicação para cada sonho?

R - São ingênuos que buscam o que não existe na realidade. Sonhos não tem significados místicos que muitos colocam.

Estudo parte II:

A) Não é necessário o adormecimento completo para a emancipação da alma. Para se emancipar, o espírito aproveitatodos os instantes de trégua que o corpo lhe concede. Basta que os órgãos entrem em estado de torpor para que o espírito recobre a liberdade.
Nota de Kardec: Assim se explica que imagens idênticas às que vemos, em sonho, vejamos estando apenas meio dormindo, ou em simples modorra.
b) O fato de ouvirmos palavras ou mesmo frases inteiras quando os sentidos começam a se entorpecer é, quase sempre, eco de algum espírito que desejava se comunicar conosco.
c) Às vezes, num estado que não seja o do adormecimento completo, estando com os olhos fechados, podemos ter visões, imagens distintas, cujas mínimas particularidades percebemos. Isto se dá devido ao espírito, estando entorpecidoo corpo, dele se desprender. Então, transporta-se e vê. Se já fosse completo o sono, haveria sonho.
d) As idéias que nos ocorrem durante o sono ou quando estamos ligeiramente adormecidos, que nos parecem excelentese que se nos apagam da memória, apesar dos esforços que façamos para retê-las, provêm da liberdade que o espírito tem quando se encontra emancipado, estado em que goza de suas faculdades mais amplamente. Também podem serc onselhos de outros espíritos.
e) Essas idéias, em regra, mais dizem respeito ao mundo dos Espíritos do que ao mundo corpóreo. Pouco importa que comumente o espírito as esqueça, quando unido ao corpo. Na ocasião oportuna, voltar-lhe-ão como inspiração de momento.
f) Encontrando-se desprendido da matéria, o espírito pode pressentir a morte do corpo físico. Também pode ter plenaconsciência dessa época, o que dá lugar a que, em estado de vigília, tenha a intuição do fato.
g) A atividade do espírito durante o repouso ou o sono corporal pode provocar cansaço no corpo físico, pois ele está a este ligado. Assim, a atividade do espírito durante a sua emancipação reage sobre o corpo e pode fatigá-lo.

Esclarecimentos:

1 - Pode o espírito se emancipar do corpo físico sem que este se encontre em completo sono?

R - Basta que os sentidos físicos se entorpeçam para que o espírito goze de relativa liberdade em relação ao corpo. Para se emancipar, o espírito se aproveita de todos os momentos de afrouxamento dos laços que o ligam ao organismofísico. Desde que as forças vitais se atenuem, ele se desprende parcialmente. Quanto mais se enfraquece o corpo, maior a liberdade do espírito.

2 - Como explicar as visões que temos quando o corpo físico ainda não está completamente adormecido?

R - Enfraquecidos os laços que o ligam ao corpo físico, como vimos na resposta anterior, o espírito dele já pode se desprender, transportar-se e ver à distância. Se fosse completo o sono, essas imagens se manifestariam através dosonho.

3 - O espírito sempre se recorda das idéias que lhe ocorrem durante o sono?

R - Encontrando-se em relativa liberdade, o espírito emancipado goza mais amplamente as suas faculdades, podendo entrar em contacto com outros espíritos e receber conselhos. Essas idéias que lhe são sugeridas nem sempre são recordadas inteiramente pelo espírito ao retornar ao corpo físico, pois, em geral, dizem mais respeito ao mundo espiritual do que ao corporal. No entanto, ainda que não se recorde plenamente das idéias, estas ser-lhe-ão inspiradas no momento oportuno.

4 - A atividade do espírito durante a emancipação pode influenciar de alguma forma o corpo físico?

R - A libertação do espírito em relação ao seu organismo fisiológico dá-se em grau proporcional ao seu estado evolutivo. Quanto mais desenvolvidas as suas faculdades, maior é o grau de liberdade que o espírito desfruta. Entretanto, esse desprendimento é sempre relativo, pois o desprendimento absoluto somente se dá com a morte do corpo físico. Assim, permanecendo ligado ao corpo, à atividade do espírito durante a sua emancipação reage sobre ele, podendo, inclusive, chegar a fatigá-lo.

Encostos
Antes de tudo, é bom esclarecer que o que vulgarmente se entende por "encosto" é a suposta presença de um espírito junto a um encarnado, ou seja, um morto que se liga a um vivo a fim de perturbá- lo.
Convém que tenhamos em mente, que o mundo espiritual não fica em região distante do mundo dos vivos mas ambos se interpenetram. Assim, os espíritos nos percebem bem como alguns encarnados os percebem através da faculdade mediúnica.
A reger esses dois mundos, há a lei de afinidade ou de sintonia. Dessa forma, é pelos pensamentos que atraímos os desencarnados e somos atraídos por eles.
Se for um familiar, um ente caro que está do lado de lá, e nós o chamamos constantemente pelo pensamento, ele sente as nossas vibrações. Se forem vibrações equilibradas de carinho, afeto, saudade, ele se sentirá bem.Todavia, se nos lembramos dele com revolta, mágoa, nós é que nos constituiremos em "encosto", isto é, não lhe damos sossego no além túmulo.
Se, por outra, o chamamos para que nos auxilie e ele não se acha em condições para tanto, sentirá nosso assédio mental e sofrerá com isso.
Considerando-se, ainda, que raras são as pessoas que têm um retorno tranqüilo à vida espiritual, por faltar-lhes conhecimento e, sobretudo preparo, estas são como náufragos do além, que precisam de socorro.
Isso ocorre por terem se ligado tão intensamente aos interesses materiais, que ao desencarnar não apresentam a mínima condição para reconhecer onde estão e o que lhes compete fazer, como atordoado sobrevivente de um naufrágio em ilha desconhecida. Espíritos assim podem permanecer no próprio lar, ao lado dos familiares. Ignorando sua nova condição, solicitam ajuda e se desesperam ao sentir que não são atendidos.
Se na casa há alguém com razoável sensibilidade psíquica, passa a colher algo das angústias e inquietações do desencarnado e, não raro, sensações relacionadas com os sintomas da doença que motivou seu falecimento.
Nesse, como nos demais casos, cabe-nos o dever de ajudar. Seja fazendo uma prece, rogando a Jesus que encaminhe esse espírito, seja vibrando com carinho em seu favor, ou simplesmente endereçando-lhe um bom pensamento.
O importante é que tenhamos sempre em mente, que os ditos "encostos" nada mais são do que os homens e mulheres que viveram no corpo físico e que agora habitam o mundo dos espíritos. Não há razão para temê-los, nem para expulsá-los com indiferença. São nossos irmãos, rogando auxílio e compreensão.
Você sabia que muitos espíritos ficam presos no lar algemados pelas vibrações desajustadas de familiares que não aceitam a separação?
Evitando o desespero e a inconformação estaremos ajudando os seres que amamos, na viagem de retorno à pátria espiritual.
E você sabia que a literatura espírita é rica em informações sobre a vida no além túmulo?
Se você quer saber mais a respeito desse tema, procure os livros espíritas que tratam do assunto.
Fonte: MOMENTO ESPÍRITA
Baseado no livro: Uma Razão Para Viver - Presença Invisível

Nossos Incansáveis Anjos Guardiões
É muito confortável saber que temos quem nos protege continuamente do “lado de lá”.
Amigos fiéis e devotados que nos acompanham desde a fecundação no ventre de nossas mães e que seguirão ao nosso lado zelando por nós ininterruptamente.
Estes protetores são Espíritos de uma ordem um pouco mais elevada e que não nos abandonando nunca, ficam mais afastados quando nos sentem refratários e inclinados às sugestões de Espíritos inferiores, voltando a interceder tão logo a isto estejamos abertos. Essa fidelidade em que, por mercê de Deus nos foi concedida, e que livremente aceitaram por missão, muitas vezes penosas, nos envolve e nos acompanha de perto onde quer que estejamos: nas prisões, nos hospitais, nos lares, e até esmo na solidão ou lugares menos dignos em que possamos estar. São Espíritos bondosos, que nos estimam, e que em encarnações anteriores foram nossos amigos ou parentes.
“... Ah! Se conhecêsseis bem essa verdade! Quanto vos ajudaria nos momentos de crises! Quantas vezes vos salvariam dos maus Espíritos! Mas no dia decisivo, esse anjo do bem terá que vos dizer: “Não te disse isso? E tu não fizeste. Não te mostrei o abismo? E tu aí te precipitaste. Não te fiz ecoar na tua consciência a voz da verdade? E não seguistes os conselhos da mentira? Oh! Interrogai os vossos anjos guardiões, estabelecei entre eles e vós essa ternura íntima que reina entre os melhores amigos. Não penseis em lhes esconder nada, porque eles têm o olhar de Deus e não podeis enganá-los... Procurai avançar nesta vida e vossas provas serão mais curtas, vossas existências, mais felizes... Não temais nos cansar com vossas questões. Ao contrário, procurai sempre estar em relação conosco, sereis mais fortes e felizes. Vamos homens, coragem! Atrai para longe de vós de uma vez por todas os preconceitos e idéias preconcebidas. Entrai no novo caminho que se abre diante de vós. Marchai! Tendes guias, segui-os, que a meta não pode vos faltar, porque essa meta é o próprio Deus.”
Inquiridos sobre se o Espírito-protetor sofre quando seu protegido segue o mau caminho, e se, então, sente-se responsável pelo mau resultado dos seus esforços, respondem os Espíritos venerandos que ele lastima, porém não se sente responsabilizado, pois que fez o que de si dependia e sabe esperar o tempo necessário, pois o que não aprendeu hoje, um dia aprenderá.
Saber de tudo isto, renova nossa confiança na bondade e maiores dificuldades e angustias, nos oferecendo alento e esperança para os desafios em que a vida, em resposta às nossas escolhas anteriores, hoje nos coloca. Inegavelmente vivemos hoje do que plantamos ontem e, como dois e dois são quatro...
Os desafios nunca erram o endereço de onde estamos.
Porém, quando abrimos espaço, a misericórdia divina nos envia os Espíritos Benfazejos, para que nos incentivem, amparem e intuam no correr da caminhada de nossa evolução, porque...
Quando erramos a procura do caminho, necessitamos da graça que alumia o retorno.
O Livro dos Espíritos

As Drogas e suas Implicações Espirituais
Por: Xerxes Pessoa De Luna
I— Introdução
Um dos problemas mais graves da sociedade humana, na atualidade, é o consumo indiscriminado e, cada vez mais crescente, das drogas por parte não só dos adultos, mas, também, dos jovens e lamentavelmente até das crianças, principalmente nos centros urbanos das grandes cidades.

A situação é tão preocupante, que cientistas de várias partes do Planeta, reunidos, chegaram à seguinte conclusão: “Os viciados em drogas de hoje podem não só estar pondo em risco seu próprio corpo e sua mente, mas fazendo uma espécie de roleta genética, ao projetar sombras sobre os seus filhos e netos ainda não nascidos.”

Diante de tal flagelo e de suas terríveis conseqüências, não poderia o Espiritismo, Doutrina comprometida com o crescimento integral da criatura humana na sua dimensão espírito-matéria, deixar de se associar àqueles segmentos da sociedade que trabalham pela preservação da vida e dos seus ideais superiores, em seus esforços de erradicação de tão terrível ameaça.

O efeito destruidor das drogas é tão intenso que extrapola os limites do organismo físico da criatura humana, alcançando e comprometendo, substancialmente, o equilíbrio e a própria saúde do seu corpo perispiritual. Tal situação, somada àquelas de natureza fisiológica, psíquica e espiritual, principalmente as relacionadas com as vinculações a entidades desencarnadas em desalinho, respondem, indubitavelmente, pelos sofrimentos, enfermidades e desajustes emocionais e sociais a que vemos submetidos os viciados em drogas.

Em instantes tão preocupantes da caminhada evolutiva do ser humano em nosso planeta, cabe a nós espíritas, não só difundir as informações antidrogas que nos chegam do plano espiritual benfeitor que nos assiste, mas, acima de tudo, entender e atender aos apelos velados que estes amigos espirituais nos enviam com seus informes e relatos contrários ao uso indiscriminado das drogas, no sentido de envidarmos esforços mais concentrados e específicos no combate às drogas, quer no seu aspecto preventivo, quer no de assistência aos já atingidos pelo mal.

II — A ação das drogas no perispírito
Revela-nos a ciência médica que a droga, ao penetrar no organismo físico do viciado, atinge o aparelho circulatório, o sangue, o sistema respiratório, o cérebro e as células, principalmente as neuroniais.

Na obra “Missionários da Luz” — André Luiz (pág. 221 — Edição FEB), lemos: “O corpo perispiritual, que dá forma aos elementos celulares, está fortemente radicado no sangue. O sangue é elemento básico de equilíbrio do corpo perispiritual.” Em “Evolução em dois Mundos”, o mesmo autor espiritual revela-nos que os neurônios guardam relação íntima com o perispírito.

Comparando as informações destas obras com as da ciência médica, conclui-se que a agressão das drogas ao sangue e às células neuroniais também refletirá nas regiões correlatas do corpo perispiritual em forma de lesões e deformações consideráveis que, em alguns casos, podem chegar até a comprometer a própria aparência humana do perispírito. Tal violência concorre até mesmo para o surgimento de um acentuado desequilíbrio do Espírito, uma vez que “o perispírito funciona em relação a este, como uma espécie de filtro na dosagem e adaptação das energias espirituais junto ao corpo físico e vice-versa.

Por vezes o consumo das drogas se faz tão excessivo, que as energias, oriundas do perispíríto para o corpo físico, são bloqueadas no seu curso e retornam aos centros de força.

III — A ação dos Espíritos inferiores junto ao viciado
Esta ação pode ser percebida através das alterações no comportamento do viciado, dos danos adicionais ao seu organismo perispiritual, já tão agredido pelas drogas, e das conseqüências futuras e penosas que experimentará quando estiver na condição de espírito desencarnado, vinculado a regiões espirituais inferiores.

Sabemos que, após a desencarnação, o Espírito guarda, por certo tempo, que pode ser longo ou curto, seus condicionamentos, tendências e vícios de encarnado. O Espírito de um viciado em drogas, por exemplo, em face do estado de dependência a que ainda se acha submetido, no outro lado da vida, sente o desejo e necessidade de consumir a droga. Somente a forma de satisfazer seu desejo é que irá variar, já que a condição de desencarnado não lhe permite proceder como quando na carne. Como Espírito precisará vincular-se à mente de um viciado, de início, para transmitir-lhe seus anseios de consumo da droga, posteriormente para saciar sua necessidade, valendo-se para tal do recurso, ou da vampirização das emanações tóxicas impregnadas no perispírito do viciado ou da inalação dessas mesmas emanações quando a droga estiver sendo consumida.

“O Espírito de um viciado em drogas, em face do estado de dependência a que se acha submetido, no outro lado da vida, sente a desejo e a necessidade de consumir a droga”

Essa sobrecarga mental, indevida, afeta tão seriamente o cérebro, a ponto de este ter suas funções alteradas, com consequente queda no rendimento físico, intelectual e emocional do viciado. Segundo Emmanuel, “o viciado ao alimentar o vício dessas entidades que a ele se apegam, para usufruir das mesmas inalações inebriantes, através de um processo de simbiose em níveis vibratórios, coleta em seu prejuízo as impregnações fluídicas maléficas daqueles, deixando o viciado enfermiço, triste, grosseiro, infeliz, preso à vontade de entidades inferiores, sem o domínio da consciência dos seus verdadeiros desejos”.

IV — Contribuição do Centro Espírita no trabalho antidrogas desenvolvido pelos Benfeitores Espirituais As Casas Espíritas, como Pronto-Socorro espirituais, muito podem contribuir com os Espíritos Superiores no trabalho de prevenção e auxílio às vítimas das drogas nos dois lados da vida. Com certeza, esta contribuição poderia ocorrer através de medidas que, no dia-a-dia da instituição ensejassem:

1. Um incentivo cada vez mais constante às atividades de evangelização da infância e da juventude, principalmente com sua implantação, caso a Instituição ainda não o tenha implantado.
2. Estimular seus freqüentadores, em particular a família do viciado em tratamento, à prática do Evangelho no Lar. Estas pequenas reuniões, quando realizadas com o devido envolvimento e sinceridade de propósitos, são fontes sublimes de socorro às entidades sofredoras, além, naturalmente, de concorrer para o estreitamento dos laços afetivos familiares, o que decerto estimulará o viciado, por exemplo, a perseverar no seu propósito de libertar-se das drogas ou a dar o primeiro passo nesse sentido.
3. Preparar devidamente seu corpo mediúnico para o sublime exercício da mediunidade com Jesus, condição essencial ao socorro às vítimas das drogas, até mesmo as desencarnadas.
4. No diálogo fraterno com o viciado e seus familiares, sejam-lhes colocados à disposição os recursos socorristas do tratamento espiritual: passe, desobsessão, água fluidificada e reforma íntima.
5. Criar, no trabalho assistencial da Casa, uma atividade que enseje o diálogo, a orientação, o acompanhamento e o esclarecimento, com fundamentação doutrinária, ao viciado e a seus familiares.

V — Conclusão
Diante dos fatos e dos acontecimentos que estão a envolver a criatura humana, enredada no vício das drogas, geradores de tantas misérias morais, sociais, suicídios e loucuras, nós, espíritas, não podemos deixar de considerar esta realidade, nem tampouco deixar de concorrer para a erradicação deste terrível flagelo que hoje assola a Humanidade. Nesse sentido, urge que intensifiquemos e aprimoremos cada vez mais as ações de ordem preventiva e terapêutica, já em curso em nossas Instituições, e que, também, criemos outros mecanismos de ação mais específicos neste campo, sempre em sintonia com os ensinamentos do Espiritismo e seu propósito de bem concorrer para a ascensão espiritual da criatura humana às faixas superiores da vida. 
Revista Reformador - Março - 1998

Terra - Escola dos Espíritos
Há muitas moradas na Casa de meu Pai. (Jesus –João, 14:2)

Jesus diz que há várias moradas na casa do Pai, que é o Universo, e que as moradas dos espíritos são os inúmeros planetas habitados que foram criados por Deus para povoar a sua criação.
A classificação espírita divide os mundos em 5 principais categorias, conforme o grau de evolução material e moral dos habitantes destes planetas.
* Mundos Primitivos
* Mundos de Expiação e Provas
* Mundos Regeneradores
* Mundos Felizes
* Mundos Celestes ou Divinos
Mundos Primitivos: a primeira fase dos planetas habitados. Servem de morada para as primeiras encarnações dos espírito. Podemos comparar estes planetas à Terra na pré-história até o começo da civilização humana como conhecemos. Neste tipo de mundo não existe nenhuma vida moral, vivendo aí o homem como vivem os animais, só preocupado com a satisfação das suas necessidades materiais. A ignorância domina totalmente sobre o conhecimento e a moral.
Mundos de Expiações e Provas: é a situação atual do nosso planeta, que nos oferece o exemplo de um dos tipos de mundos expiatórios. Os espíritos têm que lutar ao mesmo tempo contra a perversidade dos homens e a inclemência da natureza. O mal predomina sobre o bem, e consequentemente o sofrimento predomina sobre a felicidade. Os espíritos aí encarnados têm que expiar, ou seja, consertar erros do passado, de outras encarnações, e ao mesmo tempo passar por provações, cujo objetivo é fazer evoluir as qualidades do coração e da inteligência.
Mundos Regeneradores: servem de transição entre os mundos de expiação e provas para os mundos felizes. É o próximo passo evolutivo em que a Terra passará e esta transição parece que está próxima. É a reconstrução da sociedade sobre novos valores morais, em que o objetivo maior será a satisfação das necessidades básicas do ser humano. O bem predomina sobre o mal, e os espíritos do nosso planeta que não estiverem prontos para esta transição serão conduzidos para outros planetas, que estiverem na mesma fase atual da Terra, onde continuarão a sua evolução.
Mundos Felizes: onde o bem supera muito a ignorância. Nestes mundos, a felicidade dos espíritos encarnados supera em tudo o que compreendemos dela no nosso planeta. A ciência e a tecnologia atingem patamares inimagináveis. Não existirá mais doenças, mortes prematuras, guerras, pestes, fome e tudo o que seja fruto do egoísmo e do orgulho.
Mundo Divinos: morada os espíritos purificados, onde o bem reina e a ignorância não existe. São as últimas etapas reencarnatórias dos espíritos.
Destinação da Terra
-EXPIAÇÃO: O Homem não é punido, portanto, sempre, ou completamente na sua existência presente, mas jamais escapa das consequências de suas faltas.
- PROVAÇÃO: As provas têm por fim exercitar a inteligência, assim como a paciência e a resignação.
A Doutrina Espírita coloca fim à eternidade do sofrimento, ao inferno, que contrariava totalmente a misericórdia divina. Podemos ter uma melhor compreensão da justiça do Senhor, pois entenderemos que Deus permite que nós mesmos resgatemos nossos erros, tendo novas oportunidades de aprender:
Expiações: toda dificuldade, problema, doenças provenientes de atos errados que fizemos em uma vida passada. Pois para toda ação existe uma reação, e para uma ação ruim vem uma reação ruim em forma de sofrimentos e dores. Nós nem sempre recebemos estas reações na mesma vida que praticamos o erro, então elas ficarão para o resgate em uma próxima reencarnação. É assim que age a justiça divina, que tem o objetivo maior de ensinar e nunca de castigar.
Provações: são situações que passamos e que têm a finalidade de exercitar a nossa inteligência, paciência e a nossa resignação. Não têm, necessariamente, nada a ver com atos que fizemos em outras encarnações, mas sim, são frutos de atitudes que tomamos ou deixamos de tomar nesta existência. São também frutos das atitudes dos outros com quem somos colocados a conviver nesta vida. Por isso que é necessário compreendermos o que estamos fazendo aqui para aceitarmos melhor as pequenas alfinetadas diárias que a vida nos oferece, e que visam nos educar.
"Ai do mundo por causa dos escândalos, porque é necessário que venham os escândalos, mas ai daquele homem por que os escândalos vêm" (Mateus l8:7).
Escândalos: Nesta passagem Jesus afirma que os sofrimentos são necessários no estágio atual do nosso planeta, pois há espíritos atrasados que causam as dores e outros espíritos também atrasados que precisam passar por isto para o seu aprendizado. Mas ai daquele que faz o seu semelhante sofrer, pois ele colherá frutos amargos das sementes ruins que plantou durante a sua vida aqui neste planeta.
"Em verdade vos digo, que tudo o que ligardes na terra, será ligado no céu e tudo o que desligardes na terra, será desligado no céu" (Mateus l8:l8).
Jesus confirma que só encarnados é que consertaremos os erros que cometemos. E é na matéria que iremos aplicar os conhecimentos que aprendemos, mudando o nosso espírito e superando os nossos limites morais e intelectuais. Que nossa felicidade estará ligada naquilo que mais estimarmos, ou seja, se gostarmos mais das coisas da terra do que das do espírito, nossa paz dependerá de como estiver a situação material por qual estivermos passando. E como a vida na matéria é inconstante, nossa felicidade também será assim. Ao passo que se tivermos nosso coração, nossos desejos, principalmente na parte espiritual, nas coisas de Deus, alcançaremos a paz de espírito, pois o que vem do céu é constante.
"A Terra chegou a um de seus períodos de transformação, e vai passar de um mundo expiatório a mundo regenerador. - Então os homens encontrarão nela a felicidade, porque a Lei de Deus a governará" (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. III, item 19).
Usando esta frase do Evangelho Segundo o Espiritismo, temos que salientar que a Terra está perto de uma de suas fases de transição e que só ficarão aqui espíritos que tiverem merecimentos para viverem em um mundo mais civilizado, onde o bem predominará sobre o mal. Os indivíduos trabalharão primeiro para o bem coletivo e depois pensando na individualidade. Mas, como a natureza não dá saltos, situações difíceis acontecerão na vida das pessoas, para separar joio do trigo. E quem persistir no bem, não se deixando levar pelas imperfeições, poderá encontrar a paz de espírito que tanto busca.

Mediunidade, benção de Deus
Os espíritos superiores nos ensinam que a mediunidade está na terra desde os primeiros processos da manifestação do homem no planeta, e que nem mesmo nos momentos mais difíceis dos acontecimentos históricos, políticos, sociais etc..., por que passou a humanidade, em que muitos serviram de mártires, a mediunidade não recuou diante da tirania e da ignorância dos poderosos da época, que perseguiram homens e mulheres que foram barbaramente supliciados até a morte por serem provas vivas da verdade espiritual.
Muitos dos primeiros cristãos, médiuns de valiosos recursos mediúnicos, foram mortos da maneira mais bárbara possível, alguns traspassados por flechas incandescentes, outros foram cozidos vivos em azeite fervendo, outros jogados às feras nos espetáculos circenses para serem devorados vivos sob o aplauso da turba romana, patrocinados pelos imperadores sanguinolentos.
Mas, apesar de tudo, o Cristianismo seguiu conduzidos pelos benevolentes trabalhadores do Cristo, e grandes vultos da história do cristianismo surgiam, os profetas se multiplicavam, os fenômenos mediúnicos invadiram até mesmo a história da Igreja, pois muitos dos seus Santos foram médiuns na terra, podemos citar Santo Agostinho, São Luiz, etc.., e outras tantas personalidades da humanidade conhecidas em toda a terra entre elas Joanna D’arc.
No livro dos médiuns, Capítulo XXXI - item XI, o espírito Pedro Jouty nos esclarece a esse respeito dizendo: ’³’³O dom da mediunidade é tão antigo quanto o mundo. Os profetas eram médiuns. Os mistérios de Elêusis se fundavam na mediunidade. Os Caldeus, os Assírios tinham médiuns. Sócrates era dirigido por um Espírito que lhe inspirava os admiráveis princípios da sua filosofia; ele lhe ouvia a voz. Todos os povos tiveram seus médiuns e as inspirações de Joana d'Arc não eram mais do que vozes de Espíritos benfazejos que a dirigiam.
Esse dom, que agora se espalha, raro se tornara nos séculos medievos; porém, nunca desapareceu. Swedenborg e seus adeptos constituíram numerosa escola’´.
Foi então que na primeira metade do século XIX os fenômenos mediúnicos abalaram a comunidade científica na América e na Europa, pois as mesas dançavam, e a presença dos fenômenos que se alastravam falavam à razão humana da existência de mais um enigma a ser decifrado pelos sábios e estudiosos.
Deus, então, por sua infinita misericórdia e bondade, fez surgir o sol fulgurante da verdade e, era necessário uma alma de escola, para recebê-lo e interpretá-lo sob uma nova ótica, diferente daquela até então utilizada pelos cientistas da época, inteiramente voltada para o materialismo.
Surge nesse grave momento, o extraordinário espírito incumbido de tão grande e sublime missão, o codificador Allan Kardec que empregou toda sua genialidade e cultura científica milenares, na organização dos ensinos ministrados pelos Imortais do mundo maior, lançando os livros contendo a filosofia, a ciência e a religião espírita.
Daquele momento em diante, a mediunidade deixava de ser mística e sobrenatural, para ser entendida como mais uma ferramenta de que o ser humano pode se utilizar, de maneira positiva, em benefício próprio e do seu semelhante.
Hoje, esclarecidos pela terceira revelação, podemos entender que a mediunidade é coisa sagrada, que deve ser praticada de maneira digna e responsável, exercida com devotamento, discrição e humildade, no anonimato em benefício da humanidade.
Os médiuns, não são seres privilegiados em missão na mediunidade, são sim na maioria das vezes, seres endividados e em necessárias provas e rígidas expiações a caminho da sua própria regeneração diante das Leis eternas e imutáveis que regem o destino dos seres humanos.
Para finalizar, recorreremos mais uma vez ao Livro dos Médiuns, ainda no Capítulo XXXI, onde encontramos a comunicação que abaixo transcrevo, como seguro ensinamento para todos que laboramos nos trabalhos que a mediunidade nos premia e que precisamos saber dar o devido valor.
Todos os homens são médiuns, todos têm um Espírito que os dirige para o bem, quando sabem escutá-lo. Agora, que uns se Comuniquem diretamente com ele, valendo-se de uma mediunidade especial, que outros não o escutem senão com o coração e com a inteligência, pouco importa: não deixa de ser um Espírito familiar quem os aconselha. Chamai-lhe espírito, razão, inteligência, é sempre uma voz que responde à vossa alma, pronunciando boas palavras. Apenas, nem sempre as compreendeis.
Nem todos sabem agir de acordo com os conselhos da razão, não dessa razão que antes se arrasta e rasteja do que caminha, dessa razão que se perde no emaranhado dos interesses materiais e grosseiros, mas dessa razão que eleva o homem acima de si mesmo, que o transporta a regiões desconhecidas, chama sagrada que inspira o artista e o poeta, pensamento divino que exalta o filósofo, arroubo que arrebata os indivíduos e povos, razão que o vulgo não pode compreender, porém que ergue o homem e o aproxima de Deus, mais que nenhuma outra criatura, entendimento que o conduz do conhecido ao desconhecido e lhe faz executar as coisas mais sublimes.
Escutai essa voz interior, esse bom gênio, que incessantemente vos fala, e chegareis progressivamente a ouvir o vosso anjo guardião, que do alto dos céus vos estende as mãos. Repito: a voz íntima que fala ao coração é a dos bons Espíritos e é deste ponto de vista que todos os homens são médiuns’´. - Channing
José Francisco Costa Rebouças

Mediunidade como processo de evolução do Espírito
A mediunidade é um instrumento de evolução que leva o Espírito a mudar sua forma de pensar e agir. O intercâmbio mediúnico realizado com perseverança pode transformar o cérebro num grande manancial de energias construtoras no bem.
A mediunidade, bem compreendida, promove o desejo de servir e esclarecer. É de fundamental importância que o médium exercite sua mediunidade como um instrumento da prática do amor cristão. O bom uso da mediunidade dá ao Espírito a verdadeira alegria.
Esse é o grande papel da caridade na vida do médium. Coloca-o frente a necessidade de seu próximo e lhe dá sugestões de recursos, através de seus canais mediúnicos. Auxiliar, aliviar, esclarecer e até mesmo curar o Espírito é uma tarefa que o médium pode realizar. A cura começa a acontecer quando o Ser tem propósito de mudanças e alimenta o campo mental de novas vibrações abalizadas no bem.
O médium deve sempre ir em busca dos que sofrem, dos que necessitam para desenvolver seus sentimentos.
A mediunidade com Jesus começa quando o médium se dispõe a realizar o trabalho ao qual está compromissado, preparando-se adequadamente.
A preparação do médium inclui a compreensão das leis e os mecanismos que regem o intercâmbio mediúnico.
É necessário que o médium se envolva com o trabalho, fazendo da mediunidade um fato importante de sua existência, utilizando-a com discernimento e amor.
A mediunidade é um compromisso programado em virtude da anterioridade do Espírito. Entre suas funções está a reorganização energética dos quadros retidos na memória, através da prática constante no bem. A mediunidade não acompanhada de estudo e caridade não se estabelece conforme o compromisso anteriormente programado. A sintonia é o canal de vibração mantido pelo pensamento junto a outros Espíritos. Pela sintonia o médium identifica as vibrações dos Espíritos que com ele convivem.
A sintonia pede exercício constante e uma prática coerente, estabelecendo o verdadeiro vínculo com outros pensamentos.
O amor, a renúncia, o trabalho, auxiliam o Espírito a encontrar o seu equilíbrio mental.
Ninguém expande a mediunidade sem o esforço de domar suas más tendências. 

Alzira Bessa França Amui - Eurípedes Barsanulfo (espírito)
Fonte: livro "O que é a Evangelização de Espíritos"
Iniciação Mediunica
A mediunidade, como qualquer outra faculdade, exige exercício, treinamento, dedicação.
Pelas suas características de paranormalidade, impõe estudo cuidadoso e disciplina correta.
O conhecimento dos seus mecanismos e o da própria personalidade darão ao candidato os parâmetros para melhor aquilatar as manifestações, o conteúdo, os resultados.
O fator moral é, igualmente, de relevante importância pelos efeitos que dele resultam.
Estando o homem mergulhado num universo de ondas, mentes e vibrações, de Espíritos, ele sintoniza conforme a freqüência em que estagia mentalmente, atraindo os afins e repelindo os contrários.
Não havendo milagres, nem mutações nos processos anímicos e mediúnicos, por serem fenômenos naturais, a educação das faculdades parafísicas produz-se com o rigor para cuja finalidade se deseje usá-los.
O tempo proporciona como em qualquer outro cometimento, os resultados que nem sempre se lobrigam nos primeiros tentames.
Pelas delicadas teceduras de que se revestem as forças psíquicas, o fenômeno mediúnico independe do sensitivo, que deve estar sempre em condições, porém, na dependência dos Espíritos, sem cujo contributo não se produzirá.
O conhecimento da faculdade mediúnica proporcionará ao homem, melhor comportamento, a fim de produzir com eficiência e tranqüilidade.
*Se desejas cooperar com os Benfeitores da humanidade, no campo das responsabilidades mediúnicas, tem tento e entrega-te a Deus, resguardando-te na oração, no estudo e na ação da caridade.
Não te apresses em apurar as tuas faculdades medianímicas.
Aprimora-te, primeiro, nos valores morais, submetendo-te ao caldeamento das paixões inferiores, de modo a superar-te.
Dedica-te ao serviço do bem e à caridade fraternal, aprendendo boa vontade e submissão.
Libera-te de caprichos e pequenezes do caráter, com que aprenderás cooperação e entendimento, tornando-te dúctil, maleável ao intercâmbio espiritual.
Propõe-te silêncio e meditação diante dos fatos e ocorrências lamentáveis, treinando discrição e humildade.
Busca manter a vida interior e resguarda-te de agredir, sequer por pensamento, favorecendo aos Espíritos um campo mental tranqüilo.
Cultiva a paciência, submetendo a presunção, com que te armarás de consciência moral para uma sintonia correta com os desencarnados, que os Benfeitores Espirituais, encarregados do teu programa mediúnico, estabelecerão para a tua tarefa de redenção.
*Jesus, o Médium por Excelência, entregava-se a Deus, sem exigência nem precipitação, recebendo do Pai as diretrizes para o Seu messianato, com que nos vem alçando do vale das humanas fraquezas para a montanha da sublimação espiritual, que é o nosso fanal. 
Divaldo P. Franco,
pelo espírito Joanna de Ângelis
Fonte: livro "Alerta"

Mediunidade, Um resumo
No Universo, tudo é energia em suas mais infinitas formas. Obviamente, a Terra é apenas como que um grão de areia nos inúmeros sistemas universais e, dentro dela, em graus evolutivos diversos e em aprendizado constante, os seres humanos ainda se debatem ante as Leis da Natureza. Muitos sequer descobriram a existência dos dois planos - o físico e o espiritual - dos quais todos participamos, independentemente da nossa vontade ou condição racial, política, social, econômica ou intelectual, pois o homem não cria nem revoga lei natural ou Lei de Deus.
A mediunidade, que envolve complexas e sutis formas energéticas, é uma faculdade que está latente em todos os indivíduos, podendo apresentar-se ou manifestar-se por vários modos, dependendo do estádio moral de cada médium (que é o intermediário entre o plano físico e plano espiritual, ou seja, serve de mediador entre encarnados - pessoas - e desencarnados - Espíritos , podendo também ser aquele que recebe influência, inspiração, conselho ou ensinamento de entidades espirituais, até, às vezes, sem o perceber). Allan Kardec sintetiza os médiuns em duas categorias: aqueles de efeitos físicos (a quem os Espíritos se manifestam por intermédio de movimentos, ruídos, sons, transporte de objetos, etc.) e aqueles de efeitos intelectuais (a quem os Espíritos se apresentam por meio de comunicações inteligentes - por idéias, escritos, desenhos, sinais, palavras etc.).
Como a vida física é efêmera (pois cada ser humano só vive pelo tempo necessário de prova que pediu ou de expiação que lhe foi determinada - de poucos minutos a muitos anos de existência terrena -, na lenta caminhada de aprendizado e progresso) e como a vida espiritual é eterna, e descobrindo-se, pelo estudo e pela pesquisa, que o espírito se comunica pelo pensamento, o raciocínio nos mostra, claramente, que somos espíritos encarnados, porque estamos sempre pensando: nosso corpo frágil, auxiliado pelos cinco sentidos - visão, tato, audição, olfato e paladar - é peça material que requer consciência e razão. Por isso, as diferenças entre os seres da mesma família: uns já viveram muito, antes, e aprenderam; outros viveram poucas existências e ainda não aprenderam.
Todos temos algum tipo de mediunidade; é dom concedido por Deus. Porém, só alguns possuem as chamadas mediunidades de tarefa: audiência (de ouvir vozes de Espíritos); vidência (de ver Espíritos); psicografia (de escrever o que ditam os Espíritos); psicopictografia (de pintar sob ação dos Espíritos); falante (de transmitir pelos órgãos vocais a palavra do Espírito); xenoglossia (de falar e escrever línguas estrangeiras que não conhece), além de outros tipos de mediunidade. Há pesquisadores e estudiosos do Espiritismo que classificam acima de cinqüenta os tipos de mediunidade. Existem ainda os casos de médiuns especiais, dotados de aptidões particulares, como os enumera Allan Kardec, no capítulo XVI, em "O Livro dos Médiuns", obra indispensável a quem se predisponha ao estudo sério sobre os tipos de mediunidade.
O médium, para desincumbir-se das tarefas que lhe são confiadas pelo plano espiritual, deve ser diligente, aplicado, sincero, disciplinado e bondoso, evitando o orgulho e a vaidade. Jamais deverá colocar-se na condição de superior perante os demais irmãos, sejam estes seguidores ou não da Doutrina Espírita, sabendo que é apenas um tarefeiro e que tem como diretrizes os ensinamentos dos bons Espíritos e, no que tange aos cristãos, as lições morais de Jesus, para a prática do bem.
"O médium é um companheiro. É um trabalhador. É um amigo. E é sobretudo nosso irmão, com dificuldades e problemas análogos àqueles que assediam a mente de qualquer espírito encarnado".
"Mediunidade não é pretexto para situar-se a criatura no fenômeno exterior ou no êxtase inútil, à maneira da criança atordoada no deslumbramento da festa vulgar. É , acima de tudo, caminho de árduo trabalho em que o espírito, chamado a servi-la, precisa consagrar o melhor das próprias forças para colaborar no desenvolvimento do bem".
Bismael B. Moraes
Ensinamentos do Espírito Emmanuel,
no livro "Mediunidade e Sintonia",
pelo médium Chico Xavier
Perguntas sobre o futuro
Muito interessante e pertinente este trecho do Livro dos Espíritos.
Freqüentemente, nos atendimentos, é perguntado sobre o futuro e as pessoas quase exigem uma resposta.
Aí está bem esclarecido os porquês de não revelar o futuro.
LIVRO DOS MÉDIUNS - ALLAN KARDEC
Perguntas sobre o futuro
Podem os Espíritos dar-nos a conhecer o futuro?
"Se o homem conhecesse o futuro, descuidar-se-ia do presente" É esse ainda um ponto sobre o qual insistis sempre, no desejo de obter uma resposta precisa. Grande erro há nisso, porquanto a manifestação dos Espíritos não é um meio de adivinhação. Se fizerdes questão absoluta de uma resposta, recebê-la-eis de um Espírito doidivanas, temo-lo dito a todo momento." (Veja-se O Livro dos Espíritos -"Conhecimento do futuro", n. 868.)
Não é certo, entretanto, que, às vezes, alguns acontecimentos futuros são anunciados espontaneamente e com verdade pelos Espíritos?
"Pode dar-se que o Espírito preveja coisas que julgue conveniente revelar, ou que ele tem por missão tornar conhecidas; porém, nesse terreno, ainda são mais de temer os Espíritos enganadores, que se divertem em fazer previsões. Só o conjunto das circunstâncias permite se verifique o grau de confiança que elas merecem."
De que gênero são as previsões de que mais se deve desconfiar?
"Todas as que não tiverem um fim de utilidade geral. As predições pessoais podem quase sempre ser consideradas apócrifas."
Que fim visam os Espíritos que anunciam acontecimentos que se não realizam?
"Fazem-no as mais das vezes para se divertirem com a credulidade, o terror, ou a alegria que provocam; depois, riem-se do desapontamento. Essas predições mentirosas trazem, no entanto, algumas vezes, um fim sério, qual o de pôr à prova aquele a quem são feitas, mediante uma apreciação da maneira por que toma o que lhe é dito e dos sentimentos bons ou maus que isso lhe desperta.
"NOTA: É o que se daria, por exemplo, com a predição do que possa lisonjear a vaidade, ou a ambição, como a morte de uma pessoa, a perspectiva de uma herança, etc.
Por que, quando fazem pressentir um acontecimento, os Espíritos sérios de ordinário não determinam a data? Será porque o não possam, ou porque não queiram?
"Por uma e outra coisa. Eles podem, em certos casos, fazer que um acontecimento seja pressentido: nessa hipótese, é um aviso que vos dão. Quanto a precisar-lhe a época, é freqüente não o deverem fazer. Também sucede com freqüência não o poderem, por não o saberem eles próprios. Pode o Espírito prever que um fato se dará, mas o momento exato pode depender de acontecimentos que ainda se não verificaram e que só Deus conhece. Os Espíritos levianos, que não escrupulizam de vos enganar, esses determinam os dias e as horas, sem se preocuparem com que o fato predito ocorra ou não. Por isso é que toda predição circunstanciada vos deve ser suspeita." Ainda uma vez: a nossa missão consiste em fazer-vos progredir; para isso vos auxiliamos tanto quanto podemos. Jamais será enganado aquele que aos Espíritos superiores pedir a sabedoria; não acrediteis, porém, que percamos o nosso tempo em ouvir as vossas futilidades e em vos predizer a boa fortuna. Deixamos esse encargo aos Espíritos levianos, que com isso se divertem, como crianças travessas. "A Providência pôs limite às revelações que podem ser feitas ao homem. Os Espíritos sérios guardam silêncio sobre tudo aquilo que lhes é defeso revelarem. Aqueleque insista por uma resposta se expõe aos embustes dos Espíritos inferiores, sempre prontos a se aproveitarem das ocasiões que tenham de armar laços à vossa credulidade.
"NOTA: Os Espíritos vêem, ou pressentem, por indução, os acontecimentos futuros; vêem-nos a se realizarem num tempo que eles não medem como nós. Para que lhes determinassem a época, seria mister que se identificassem com a nossa maneira de calcular a duração, o que nem sempre consideram necessário. Daí, não raro, uma causa de erros aparentes.
Não há homens dotados de uma faculdade especial, que os faz entrever o futuro?
"Há, sim, aqueles cuja alma se desprende da matéria. Então, é o Espírito que vê. E, quando é conveniente, Deus lhes permite revelarem certas coisas, para o bem. Todavia, mesmo entre esses, são em maior número os impostores e os charlatães. Nos tempos vindouros, essa faculdade se tornará mais comum."
Que pensar dos Espíritos que gostam de predizer a alguém o dia e hora certa em que morrerá?
"São Espíritos de mau gosto, de muito mau gosto mesmo, que outro fim não têm, senão gozar com o medo que causam. Ninguém se deve preocupar com isso."
Como é então que certas pessoas são avisadas, por pressentimento, da época em que morrerão?
"As mais das vezes, é o próprio Espírito delas que vem a saber disso em seus momentos de liberdade e guardam, ao despertar, a intuição do que entrevia. Essas pessoas, por estarem preparadas para isso, não se amedrontam, nem se emocionam. Não vêem nessa separação da alma e do corpo mais do que uma mudança de situação, ou, se o preferirdes e para usarmos de uma linguagem mais vulgar, a troca de uma veste de pano grosseiro por uma de seda. O temor da morte irá diminuindo, à medida que as crenças espíritas se forem dilatando."
"Triunfareis, se a caridade vos inspirar e vos sustentar a fé."

Tragédias coletivas: por quê?
A dolorosa ocorrência da queda do avião da TAM, que ia de São Paulo para o Rio, causando a morte de quase cem pessoas, traz novamente, de forma mais intensa e angustiosa a pergunta: por quê? por que acontecem essas tragédias coletivas? Outras indagações acorrem à mente: por que alguns foram salvos, desistindo da viagem ou chegando atrasados ao aeroporto? Por que alguns foram poupados e outros receberam o impacto da queda do avião em suas casas ou na rua?
Somente o Espiritismo tem as respostas lógicas, profundas e claras que explicam, esclarecem e, por via de conseqüência, consolam os corações humanos.
Para a imensa maioria das criaturas essas provas coletivas constituem um enigma insolúvel pois desconhecem os mecanismos da Justiça Divina, que traz no seu âmago a lei de causa e efeito.
Ante tragédias como essa mais recente, ou como outras de triste memória: o incêndio do Edifício Joelma, em São Paulo; o incêndio no circo em Niterói; outros desastres de avião; terremotos; inundações; enfim, diante desses dramáticos episódios a fé arrefece, torna-se vacilante e, não raro, surge a revolta, o desespero, a descrença. Menciona-se que Deus castiga violentamente ou que pouco se importa com os sofrimentos da Humanidade. Chega-se ao ponto de comparar-se o Criador a um pai terreno e, nesse confronto, este sair ganhando pois zela pelos seus filhos e quer o melhor para eles, enquanto que Deus...
O Codificador do Espiritismo interrogou os Espíritos Superiores quanto às provas coletivas, no item intitulado Flagelos Destruidores, conforme vemos em "O Livro dos Espíritos", nas questões 737 a 741, que recomendamos ao atencioso leitor.
Nos últimos tempos a Espiritualidade Amiga tem-se pronunciado a respeito das provações coletivas, conforme comentaremos a seguir.
Exatamente no dia 17 de dezembro de 1961, em Niterói (RJ), ocorre espantosa tragédia num circo apinhado de crianças e adultos que procuravam passar uma tarde alegre, envolvidos pela magia dos palhaços, trapezistas, malabaristas e domadores com os animais. Subitamente irrompe um incêndio que atinge proporções devastadoras em poucos minutos, ferindo e matando centenas de pessoas, queimadas, asfixiadas pela fumaça ou pisoteadas pela multidão em desespero.
Essa dramática ocorrência, que comoveu o povo brasileiro, motivou a Espiritualidade Maior a trazer minucioso esclarecimento, conforme narrativa do Espírito Humberto de Campos, inserida no livro "Cartas e Crônicas" (ed. FEB), cap. 6.
Narra o querido cronista espiritual que no ano de 177, em Lião, no sopé de uma encosta mais tarde conhecida como colina de Fourvière, improvisara-se grande circo, com altas paliçadas em torno de enorme arena. Era a época do imperador Marco Aurélio, que se omitia quanto às perseguições que eram infligidas aos cristãos. Por isto a matança destes era constante e terrível. Já não bastava que fossem os adeptos do Nazareno jogados às feras para serem estraçalhados.
Inventavam-se novos suplícios. Mais de vinte mil pessoas haviam sido mortas.
Anunciava-se para o dia seguinte a chegada de Lúcio Galo, famoso cabo de guerra, que desfrutava atenções especiais do imperador. As comemorações para recebê-lo deveriam, portanto, exceder a tudo o que já se vira. Foi providenciada uma reunião para programação dos festejos.
Gladiadores, dançarinas, jograis, lutadores e atletas diversos estariam presentes. Foi quando uma voz lembrou: -"Cristãos às feras!" Todos aplaudiram a idéia, mas logo surgiram comentários de que isto já não era novidade. Em consideração ao visitante era preciso algo diferente. Assim, foi planejado que a arena seria molhada com resinas e cercada de farpas embebidas em óleo, sendo reunidas ali cerca de mil crianças e mulheres cristãs. Seriam ainda colocados velhos cavalos e ateado fogo. Todos gargalhavam imaginando a cena. O plano foi posto em ação. E no dia seguinte, conforme narra Humberto de Campos, ao sol vivo da tarde, largas filas de mulheres e criancinhas, em gritos e lágrimas, encontraram a morte, queimadas ou pisoteadas pelos cavalos em correria.
Afirma o cronista espiritual que quase dezoito séculos depois, a Justiça da Lei, através da reencarnação, reaproximou os responsáveis em dolorosa expiação na tragédia do circo, em Niterói.
Uma outra tragédia também mereceu dos Benfeitores Espirituais vários esclarecimentos.
Por ocasião do incêndio do Edifício Joelma, em São Paulo, ocorrido no dia lº de fevereiro de 1974, o médium Francisco Cândido Xavier, em seu lar, em Uberaba (MG), ouvindo a notícia pelo rádio, reuniu-se em prece com quatro amigos, solicitando auxílio dos Benfeitores Espirituais para as vitimas .
Atendendo ao apelo apresenta-se o Mentor Espiritual Emmanuel e escreve, através do médium, comovedora prece inserida no livro "Diálogo dos Vivos".*
Dias depois, em reunião pública, na qual estavam presentes alguns familiares de vítimas do incêndio do Joelma, os poetas Cyro Costa e Cornélio Pires (Espíritos) manifestaram-se pela psicografia, ditando ao médium sonetos referentes à tragédia.
O soneto de Cyro Costa traz uma dedicatória e o transcrevemos, tal como está, no citado livro "Diálogo dos Vivos" (cap. 26, pág. 150):
Luz nas chamas
Cyro Costa
(Homenagem aos companheiros desencarnados no incêndio ocorrido na capital de São Paulo a 1º de fevereiro de 1974, em resgate dos derradeiros resquícios de culpa que ainda traziam na própria alma, remanescentes de compromissos adquiridos em guerra das Cruzadas.)
Fogo!... Amplia-se a voz no assombro em que se espalha.Gritos, alterações... O tumulto domina.No templo do progresso, em garbos de oficina,O coração se agita, a vida se estraçalha.
Tanto fogo a luzir é mística fornalhaE a presença da dor reflete a lei divina.Onde a fé se mantém, a prece descortinaO passado remoto em longínqua batalha...
Varrem com fogo e pranto as sombras de outras erasCombatentes da Cruz em provações austeras,Conquanto heróis do mundo, honrando os tempos idos.
Na Terra o sofrimento, a angústia, a cinza, a escória...Mas ouvem-se no Além os hinos de vitóriaDas Milícias do Céu saudando os redimidos.
Tecendo comentários sobre o soneto de Cyro Costa, Herculano Pires (no livro retrocitado),
pondera que somente a reencarnação pode explicar a ocorrência trágica. Segundo o poeta as dívidas remontavam ao tempo das Cruzadas. Estas foram realizadas entre os séculos XI e XIII e eram guerras extremamente cruéis com a agravante de terem sido praticadas em nome da fé cristã. Os historiadores relatam atos terríveis, crimes hediondos, chacinas vitimando adultos e crianças. Os débitos contraídos foram de tal gravidade que os resgates ocorreram a longo prazo. Tal como o do circo em Niterói. O que denota a Bondade Divina que permite ao infrator o parcelamento da dívida, pois não haveria condição de quitá-la de uma só vez.
Vejamos agora o outro soneto (cap. 27, pág. 155):
Incêndio em São Paulo
CORNÉLIO PIRES
Céu de São Paulo... O dia recomeça...O povo bom na rua lida e passa...Nisso, aparece um rolo de fumaçaE o fogo para cima se arremessa.
A morte inesperada age possessa,E enquanto ruge, espanca ou despedaça,A Terra unida ao Céu a que se enlaçaÉ salvação e amor, servindo à pressa...
A cidade magoada e enternecidaÉ socorro chorando a despedida,Trazendo o coração triste e deserto...
Mas vejo, em prece, além do povo aflito,Braços de amor que chegam do InfinitoE caminhos de luz no céu aberto...
A idéia de que um ente querido tenha cometido crimes tão bárbaros às vezes não é bem aceita e muitos se revoltam diante dessas explicações, mas, conhecendo-se um pouco mais acerca do estágio evolutivo da Humanidade terrestre e do quanto é passageira e impermanente a vida humana, a compreensão se amplia e aceitam-se de forma mais resignada os desígnios do Criador. Por outro lado, que outra explicação atenderia melhor às nossas angustiosas indagações?
Estas orientações do Plano Maior sobre as provações coletivas expressam, é óbvio, o que ocorre igualmente no carma individual. Todavia, é compreensível que muitos indaguem como seria feita a aproximação dessas pessoas envolvidas em delitos no passado. A literatura espírita, especialmente a mediúnica, tem trazido apreciáveis esclarecimentos sobre essa irresistível aproximação que une os seres afins, quando envolvidos em comprometimentos graves. A culpa, insculpida na consciência, promove a necessidade da reparação.
O Codificador leciona de forma admirável a respeito das expiações, em "O Céu e o Inferno" (Ed. FEB), cap. 7 - As penas futuras segundo o Espiritismo. Esclarece que "o Espírito é sempre o árbitro da própria sorte, podendo prolongar os sofrimentos pela permanência no mal, ou suavizá-los e anulá-los pela prática do bem".
Assim - expressa Kardec -, as condições para apagar os resultados de nossas faltas resumem-se em três: arrependimento, expiação e reparação.
"O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa.
Este o notável Código penal da vida futura, que tem 33 itens e que apresenta no último o seguinte resumo, em três princípios:
"lº O sofrimento é inerente à imperfeição.
2º Toda imperfeição, assim como toda falta dela promanada, traz consigo o próprio castigo nas conseqüências naturais e inevitáveis: assim, a moléstia pune os excessos e da ociosidade nasce o tédio, sem que haja mister de uma condenação especial para cada falta ou indivíduo.
3º Podendo todo homem libertar-se das imperfeições por efeito da vontade, pode igualmente anular os males consecutivos e assegurar a felicidade futura.
A cada um segundo as suas obras, no Céu como na Terra: - tal é a lei da Justiça Divina."
___________

* XAVIER, Francisco Cândido e PIRES, J. Herculano. Espíritos Diversos, cap. 25, p. 145, 1ª ed. da GEEM, São Bernardo do Campo (SP) - 1974.

Espelho Mental
“O espírito que se comunica por um médium transmite diretamente seu pensamento, ou esse pensamento tem por intermediário o espírito encarnado do médium?
- É o espírito do médium que o interpreta, porque está ligado ao corpo que serve para falar, e é preciso um laço entre vós e os espíritos estranhos que se comunicam, como é necessário um fio elétrico para transmitir uma notícia ao longe, e no fim do fio uma pessoa inteligente a recebe e a transmite”.
(O Livro dos Médiuns, Cap. XIX, 2ª parte, item 223).
***
Os Espíritos foram claros ao dizer que o espírito do médium é o intérprete de seus pensamentos.Sendo intérprete dos pensamentos dos espíritos comunicantes, é natural que a mensagem transmitida contenha algo do médium, assim como o espelho que reflete uma imagem o faça de acordo com as suas possibilidades.Um espelho embaçado ou partido evidentemente refletirá com tais distorções, embora o objeto refletido se mantenha íntegro.
O espelho mental do médium, portanto, é de fundamental importância no processo das comunicações intelectuais.Semelhante às águas de um lago, o médium necessita zelar pela sua serenidade mental, para que a mensagem dos espíritos se reflita com a fidelidade possível.
O ideal seria que o médium, preparando-se para uma tarefa, pudesse ouvir alguma música suave, de preferência orquestrada. É lógico que a preparação maior do médium deve acontecer no dia-a-dia; mas, como sobre a Terra ninguém consegue fugir às lutas, poucas horas em que ele consiga se isolar dos problemas serão de grande valia para que os espíritos não encontrem tantos obstáculos mentais...
Compararíamos, ainda, a mente do médium a uma janela do tipo veneziana. Não raro, os nossos pensamentos conseguem alcança-lo somente através de algumas poucas frestas...
E devemos nos contentar com essa reduzida possibilidade, como igualmente o médium.
Muitos medianeiros manifestam a sua contrariedade por não lograrem resultados mais positivos com as suas faculdades; ora, se eles não nos oferecem melhores condições de trabalho, com que direito esperariam mais de nossa parte?!...
Diremos mesmo, sem qualquer preocupação com a modéstia, que nós, os desencarnados, até temos feito muito, em face das condições de trabalho que nos são oferecidas.
Às vezes, para conseguirmos escrever algumas linhas por dia através de um médium psicógrafo, precisamos postar-nos junto a ele quase que dia inteiro, à espera que encontre tempo para nós e nos ofereça sintonia.
Os confrades espíritas reclamam da pequena produção de romances mediúnicos, mas onde estarão os médiuns que, além de predisposição natural para a Literatura, tenham paciência suficiente para recebe-los?!
Além desses obstáculos apontados por nós, existem aqueles outros que se encarregam de criar os espíritos interessados em conturbar o intercâmbio positivo entre os dois mundos.
A facilidade com que os médiuns refletem os pensamentos dos espíritos infelizes é impressionante! Acontece, inclusive, que pelas “frestas da veneziana” a que nos referimos o médium, oscilando na sintonia, capte, ao mesmo tempo, idéias que lhe são sugeridas pelos espíritos amigos e idéias que lhe vem dos espíritos perturbadores. Por isto, numa mensagem podemos encontrar um pensamento de grande conteúdo filosófico e outro constituído por banalidades.
Para entendermos melhor o fenômeno a que acabamos de nos referir, recorramos à imagem do rádio em que uma emissora vê-se “invadida” por outra em sua própria freqüência...
A freqüência mental em que o médium procura manter-se em sintonia, estável em suas emoções, tem significado fundamental na mediunidade.
Como percebemos, o assunto é complexo, mas não devemos nos entregar ao desalento.
A mente vige na base de tudo, e, se queremos êxito em nossos empreendimentos, busquemos o equilíbrio.
Só de os médiuns tomarem consciência do que expomos será de grande proveito, porque, assim, poderão manter-se mais vigilantes e aprender a “selecionar” as idéias que captam, feito o garimpeiro que, na bateia, separa o diamente do cascalho.
Creiam que nós, espíritos comunicantes, também estamos sujeitos a essas oscilações mentais e não é igualmente sem grande esforço que conseguimos sustentar a sintonia na transmissão que desejamos. 

Médium: Carlos Baccelli
Odilon Fernandes - espírito
 

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