domingo, 8 de dezembro de 2013

ARARIBÓIA – FALANGEIRO DE OXÓSSI


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Araribóia foi chefe indígena da tribo Temiminó, um grupo Tupi, que vivia numa das ilhas da baía da Guanabara. Guerreiro flecheiro, seu nome significa “Cobra Feroz” ou “Cobra das Tempestades”.“Araib”, em Tupi, significa “Tempo Mau, Tempestade, Tormenta” e “Bói” significa “Cobra”. Importante lembrar que os índios que habitavam as matas de Rio Bonito – RJ também eram temiminós. Isto me faz imaginar em quantos destes valentes guerreiros lutaram contra os franceses no início da história do Brasil-Colonia e se estaríamos aqui se a história fosse diferente… Me faz também pensar que tudo tem uma determinação maior, e que muitas vezes não sabemos ver.
Os temiminós eram mais numerosos no Espírito Santo. Na Baía de Guanabara eram minoria, contra os 70 mil índios Tamoio que aqui dominavam e se aliaram aos franceses, que em 1555 dominaram a Capitania do Rio de Janeiro. Na ocasião, o reino de Portugal enviou para o Brasil aquele que foi o terceiro governador geral da colônia, Mem de Sá. Chegando aqui, Mem de Sá se aliou a Araribóia, que se converteu ao cristianismo, tomando o nome de Martim Afonso de Souza. Esta aliança foi útil para ambos os lados, e muito pela valentia de Araribóia, houve a vitória portuguesa. Com isso, Araribóia conquistou o respeito dos portugueses e em 1568 ganhou as terras onde foi fundada a aldeia se São Lourenço, depois chamada sesmaria de Niterói.
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Araribóia venceu os franceses duas vezes. A primeira, em 1560, juntos com seus guerreiros flecheiros, tomando o forte de Coligni. E na segunda vez, em 1564, tornando-se herói na tomada da Fortaleza de Uruçumirim, na hoje Praia da Glória e depois destaca-se como herói na Batalha de Paranapecu, trecho da Ilha do Governador, que ia da Ponta do Galeão até as Flecheiras.
Infelizmente, anos depois, Araribóia se indispôs com o sucessor de Mem de Sá – Antônio Salema . Dizem que aconteceu o seguinte: “Frente a frente com um representante do rei, o índio cometeu uma descortesia: sentou-se sobre as pernas cruzadas. O ato foi imediatamente repreendido, mas em vez de se penitenciar, o índio decidiu confrontar a autoridade. “Não sem cólera e arrogância”, respondeu o seguinte: “Se tu souberas quão cansadas eu tenho as pernas das guerras em que servi a el-rei, não estranharás dar-lhe agora este pequeno descanso; mas já que me achas pouco cortesão, eu me vou para minha aldeia, onde nós não curamos desses pontos e não retornarei mais à tua corte”.
Como ele tinha grande prestígio, continuou comandando a sesmaria de Nictheroy, então chamada São Lourenço. Porém, durante o século XIX, com o argumento de que os índios já estavam civilizados e deveriam ser assimilados como cidadãos do Império, todas as aldeias foram extintas, e suas terras incorporadas ao patrimônio dos municípios. Foi o que aconteceu com a aldeia de São Lourenço em 1866.
Na Espiritualidade, encontrou os caminhos de Aruanda, e o Caboclo Araribóia continua lutando com seus guerreiros sob a tutela de Oxóssi, defendendo com a mesma bravura, somada aos conhecimentos que obteve do Alto, todo aquele que sofre perseguição e assédio das trevas. Com certeza, sua vida como Araribóia foi apenas mais uma entre tantas, onde muitas e muitas vezes, defendeu valorosamente um ideal e a justiça. Sua história nos mostra como vencer as adversidades, a ter firmeza, acreditar nas convicções próprias, e também ter fé em Deus.
Quando estivermos sob intenso ataque das sombras, quer através da matéria, quer seja somente a luta espiritual, peçamos a Araribóia que nos faça valer, que nos dê Força e resistência a todo Mal, para que nos mantenhamos acreditando naquilo que achamos certo, naquilo que traz o caminho correto e a caminhada digna. Que nossos pensamentos e atos sejam certeiros como sua flecha, e que não nos afastemos da Verdade, da Esperança, e da Luta em nome da Luz Maior.
Alex de Oxóssi
Rio Bonito – RJ

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